Trump se declara inocente em caso de documentos secretos
O ex-presidente americano Donald Trump, favorito para ser o candidato republicano à Casa Branca em 2024, se declarou inocente nesta terça-feira (13) ao se apresentar a um tribunal federal em Miami, acusado de gerenciar de forma negligente segredos de Estado.
"Estamos sem dúvida entrando com uma declaração de inocência", disse Todd Blanche, advogado de Trump.
Trump, que completa 77 anos nesta quarta, chegou à corte em meio a estritas medidas de segurança.
"Um dos dias mais tristes na história do nosso país. Somos uma nação em declínio", disse Trump em sua plataforma Truth Social enquanto era levado para a corte. Ele repetiu ser vítima de uma "caça às bruxas". Na mesma rede social, chamou o procurador Jack Smith de "lunático".
Trump é acusado pela Procuradoria de ter retido documentos confidenciais depois de deixar a Casa Branca, incluindo alguns que continham informações secretas sobre armas nucleares.
Ele é alvo de 37 acusações, incluindo "retenção ilegal de informações vinculadas à segurança nacional, obstrução de Justiça e falso testemunho".
Segundo uma fonte judicial, o ex-presidente seria submetido aos mesmos procedimentos que os demais acusados, como tomada de impressões digitais e de uma foto. Mas nesse caso, a imagem não será divulgada.
- "Incrível" -
Um pequeno grupo de apoiadores do ex-presidente se concentrou nos arredores do tribunal, usando bonés vermelhos com os dizeres "Make America Great Again" ("Façam a América Grande de Novo", em tradução literal).
"Não consigo acreditar que esteja passando por isso de novo", disse Lázaro Ezenar à AFP, referindo-se às acusações criminais de fraude contábil apresentadas contra Trump no início de abril, no estado de Nova York, por um pagamento feito antes das eleições presidenciais de 2016 para calar uma atriz de filmes pornográficos que alega ter sido sua amante.
Esta foi a primeira vez que um ex-presidente dos Estados Unidos foi indiciado pela Justiça Federal.
Mas o caso julgado em Miami parece mais comprometedor que o de Nova York, apesar de Trump ter demonstrado mais de uma vez sua capacidade de sobreviver politicamente aos problemas, quando não os transforma em uma oportunidade.
Nos Estados Unidos, uma lei obriga os presidentes a enviarem todos os e-mails, cartas e outros documentos de trabalho para os Arquivos Nacionais. Outra proíbe a retenção de segredos de Estado em locais não autorizados e considerados inseguros.
Em janeiro de 2021, quando deixou a Casa Branca e se mudou para sua mansão em Mar-a-Lago, na Flórida, Trump levou dezenas de caixas repletas de arquivos.
- Operação do FBI -
De acordo com a ata de acusação, as caixas foram empilhadas no palco de um salão de dança do complexo hoteleiro antes de serem transportadas para um depósito perto de uma piscina. Algumas tinham a inscrição "segredo de Defesa".
Em janeiro de 2022, depois de receber vários pedidos das autoridades, Trump decidiu devolver caixas com quase 200 documentos confidenciais.
Convencidos de que Donald Trump não havia entregado todos os documentos em seu poder, vários agentes do FBI entraram em Mar-a-Lago em 8 de agosto e levaram mais de 30 caixas contendo 11.000 documentos.
O republicano acusou de interferência o presidente democrata, Joe Biden, que pode ser mais uma vez seu adversário nas eleições de 2024.
Em declarações ao veículo Americano Media, Trump disse que seus adversários "estão tentando, pela Justiça, o que não podem conseguir nas urnas".
Afirmou, ainda, que está sendo perseguido "para ocultar a corrupção de Biden". Os republicanos acusam vários familiares do presidente democrata, sobretudo seu filho Hunter, de ter recebido dinheiro de negócios obscuros com empresas chinesas e romenas.
- Milhões de dólares -
Trump convocou seus apoiadores para um discurso posterior à leitura das acusações que, desta vez, acontecerá em seu clube de golfe de Bedminster, em Nova Jersey.
Após seu indiciamento em abril, o ex-presidente se gabou de ter recebido milhões de dólares de seus seguidores. Muitos deles, convencidos de que Trump é vítima de uma conspiração, continuam a apoiá-lo contra todas as adversidades.
Trata-se de um apoio necessário para Trump, que enfrenta outras investigações judiciais. Uma procuradora do estado da Geórgia deve anunciar até setembro o resultado de sua investigação sobre as supostas pressões que o republicano exerceu para tentar mudar o resultado das eleições de 2020.
O julgamento criminal do caso aberto em Nova York provavelmente acontecerá no início de 2024, em plena campanha para as primárias republicanas, nas quais Trump é o grande favorito.
(E.Beaufort--LPdF)