Tragédia dos incêndios no Havaí supera 100 mortes
As equipes de emergência prosseguiam nesta quarta-feira (16) com as missões de busca por vítimas entre os escombros dos incêndios devastadores no Havaí, que provocaram 106 mortes até o momento.
O governador do arquipélago, Josh Green, alertou que o balanço final do incêndio que devastou na semana passada a cidade de Lahaina - o mais letal nos Estados Unidos em mais de um século - pode "dobrar".
As autoridades do condado de Maui anunciaram na terça-feira à noite o balanço atualizado de 106 vítimas fatais. Dois mexicanos morreram nos incêndios, informou o governo do país latino-americano.
Até o momento, apenas 25% da área afetada em Lahaina, no litoral oeste da ilha de Maui, foi rastreada por cães farejadores treinados para missões de busca por corpos, segundo Green.
Um necrotério provisório, com vários contêineres refrigerados instalados ao redor da ilha, foi criado pelas autoridades, que também convocaram funcionários do Departamento de Saúde para tentar agilizar o complicado processo de identificação das vítimas.
Green destacou que as autoridades farão todo o possível para evitar que promotores imobiliários tentem aproveitar a situação para comprar terrenos.
"Nosso objetivo é ter um compromisso local - para sempre - com esta comunidade, enquanto reconstruímos", disse.
"Vamos garantir que faremos todo o possível para evitar que a terra caia nas mãos de pessoas de fora", acrescentou.
- Identificação difícil -
O processo para identificar as vítimas avança lentamente. As autoridades coletaram amostras de DNA de 41 pessoas com parentes desaparecidos na tragédia.
Apenas cinco mortos foram identificados até o momento.
Funcionários do condado de Maui divulgaram dois nomes de vítimas fatais depois que as famílias foram notificadas.
Centenas de pessoas ainda são consideradas desaparecidas, mas o número diminui à medida que os sistemas de comunicação são restabelecidos na ilha.
Em Lahaina, que tinha 12.000 habitantes antes da tragédia, mais de 2.000 edifícios foram destruídos.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou que pretende viajar ao Havaí com a primeira-dama Jill "assim que possível", mas destacou que não deseja interferir os trabalhos de resgate.
O chefe de Estado assinou uma declaração de catástrofe natural para permitir a liberação de recursos às equipes de emergência e reconstrução.
A gestão da crise foi muito criticada e vários moradores afirmaram que se sentiram abandonados pelas autoridades.
- Negligência -
"O que aconteceu, na minha opinião, beira a negligência (...) Só estou aqui porque me salvei sozinha", declarou à AFP Annelise Cochran, uma mulher de 30 anos que sobreviveu às chamas ao pular no mar.
Quando se viu cercada pelas chamas em Lahaina, esta nadadora experiente não pensou duas vezes e, como centenas de pessoas, percebeu que entrar no mar era a única alternativa.
Ela passou de cinco a oito horas na água, agarrada à parede de pedras que margeia o final do calçadão, antes de ser resgatada.
Mais de uma semana após o incêndio devastador, as autoridades de Maui tentam proporcionar abrigo aos sobreviventes que perderam quase tudo. Quase 2.000 alojamentos (quartos de hotel, estabelecimentos Airbnb ou de particulares) estão acessíveis de modo gratuito para os residentes por pelo menos 36 semanas.
As polêmicas sobre a gestão da crise são cada vez maiores. Muitos moradores afirmam que algumas equipes de bombeiros não conseguiram atuar rapidamente porque os hidrantes estavam secos ou com fluxo muito baixo.
A operadora Hawaiian Electric também é criticada por não ter desligado a energia elétrica, apesar do elevado risco de incêndio e dos fortes ventos procedentes de um furacão que passava ao sudoeste de Maui.
Os incêndios acontecem em um verão (hemisfério norte) marcado por eventos extremos em todo o mundo, como os incêndios sem precedentes no Canadá, todos relacionados com as mudanças climáticas, de acordo com os cientistas.
(E.Beaufort--LPdF)