Dezenas de afegãs são impedidas de estudar nos Emirados Árabes Unidos
Dezenas de afegãs foram bloqueadas no aeroporto de Cabul nesta quinta-feira (24), quando seguiriam para os Emirados Árabes Unidos, onde conseguiram bolsas de estudos, disse uma delas à AFP.
Laila é uma das cerca de 30 mulheres patrocinadas pelo conhecido empresário Jalaf Ahmad Al Habtoor, que iria financiar seus estudos no país do Golfo.
Ela afirmou que homens uniformizados impediram sua passagem pelo portão de embarque, indicando que haviam recebido a ordem de impedir que cidadãos com visto de estudante saíssem do país.
As autoridades talibãs não responderam aos pedidos de comentários feitos pela AFP.
Desde a volta dos talibãs ao poder em agosto de 2021, as jovens não estão autorizadas a frequentar escolas de ensino médio e universidades.
"Nossa única esperança era ir para o exterior", declarou Laila, de 22 anos, que ia começar o curso de direito.
Jalaf Ahmad Al Habtoor afirmou que cerca de 100 mulheres receberam bolsas de estudo em colaboração com a Universidade do Dubai e que funcionários do grupo Al Habtoor, que fundou e preside, trabalharam durante meses para garantir que tudo estivesse pronto para a sua chegada.
"As autoridades afegãs impediram sua partida, sem qualquer justificativa, restringindo injustamente a sua liberdade (…) Peço a todas as partes envolvidas que intervenham rapidamente para assistir e ajudar estas estudantes em dificuldade", pediu.
Ele acrescentou que as mulheres "têm o direito de estudar, têm o direito de fazer tudo o que os homens fazem e não devem abrir exceção a este respeito".
"O que eles fizeram foi mantê-las como prisioneiras para impedir que outras pessoas as ajudem a estudar", afirmou indignada Heather Barr, codiretora da divisão de Direitos das Mulheres da organização Human Rights Watch, denunciando "um período preocupante".
Nos dois anos após sua tomada de poder, as autoridades talibãs impuseram leis que seguem sua interpretação estrita do islã, na qual as mulheres carregam um fardo que as Nações Unidas chamaram de "Apartheid de gênero".
As mulheres afegãs já não podem continuar seus estudos após o ensino fundamental, trabalhar em ONGs e foram excluídas da maioria dos cargos na função pública. Também não podem ir a parques, nem a estádios, e devem se cobrir inteiramente com um véu ao sair de casa.
"É muito difícil imaginar como será o meu futuro sem educação", destacou Laila, que permaneceu horas no aeroporto com as outras estudantes, à espera de uma resposta, ou de uma solução.
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(P.Toussaint--LPdF)