Le Pays De France - Papa Francisco chega a Marselha para visita dedicada aos migrantes

Paris -
Papa Francisco chega a Marselha para visita dedicada aos migrantes
Papa Francisco chega a Marselha para visita dedicada aos migrantes / foto: © AFP

Papa Francisco chega a Marselha para visita dedicada aos migrantes

O papa Francisco chegou nesta sexta-feira (22) em Marselha (sudeste da França) para fazer mais um alerta sobre o drama dos migrantes no Mediterrâneo, em um momento de debate na Europa sobre a recepção dos refugiados.

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O avião papal pousou por volta das 16h locais (11h no horário de Brasília) no aeroporto da segunda maior cidade da França. A primeira-ministra Élisabeth Borne e quatro crianças vestidas com trajes tradicionais receberam o pontífice argentino de 86 anos, que se deslocava numa cadeira de rodas.

A viagem é muito aguardada pelos migrantes e pelas associações que os socorrem no mar, como a ONG SOS Méditerránée, que espera "palavras muito fortes" do papa e que sua "voz pese muito" no debate atual.

"Espero ter a coragem de dizer tudo o que quero dizer", reconheceu Francisco diante dos jornalistas que o acompanhavam na viagem do avião papal.

Os migrantes são uma prioridade para o pontífice, que expressa com frequência sua dor pelas tragédias que afetam estas pessoas.

A rota do Mediterrâneo, que Francisco chamou de "cemitério" em agosto, é considerada a mais perigosa do mundo. Mais de 28.000 migrantes desapareceram em suas águas desde 2014, durante tentativas de chegar ao continente europeu a partir da África, segundo a Organização Internacional para Migrações (OIM).

O papa prestará homenagem aos migrantes mortos no mar perto da basílica de Notre-Dame de la Garde (Nossa Senhora da Guarda), em um dos momentos mais aguardados da viagem.

- "Há sofrimento" -

Após uma oração na basílica, conhecida como "Bonne Mère" (Boa Mãe), Francisco visitará o memorial com vista para o Mar Mediterrâneo, que já contemplou em visitas anteriores, para pedir a acolhida dos migrantes.

Debaixo da imponente torre sineira coroada por uma estátua de mais de 11 metros da Virgem Maria com o menino Jesus nos braços, os convidados para as cerimônias previstas aguardavam impacientemente a chegada do líder religioso.

"É ótimo ver o papa vir prestar homenagem neste momento que construímos", disse à AFP o membro da associação católica Stella Maris, Gérard Pelen, que expressou seu "choque" com o que aconteceu durante esta semana na Itália.

Há poucos dias, a chegada de milhares de migrantes na ilha de Lampedusa fez com que a União Europeia (UE) adotasse um plano para ajudar a Itália a conduzir esta rota migratória do Norte da África.

O papa, cuja primeira viagem como pontífice foi à Lampedusa e que também visitou centros de migrantes na Grécia, lamentou a "crueldade" e a "falta de humanidade" vividas no Mediterrâneo, ao ser questionado sobre o incidente.

Boubacar (pseudônimo), que chegou a Marselha há 10 dias, recorda as dificuldades que enfrentou antes de desembarcar em Lampedusa: "Passamos 24 horas no mar sem comer, sem beber, sem fazer as nossas necessidades".

E, agora, o adolescente de Guiné vive na rua, ao lado de 30 menores de idade não acompanhados.

- "Habemus papam" -

Francisco afirmou que sua viagem à segunda maior cidade da França não é uma viagem oficial ao país. Sua finalidade é encerrar um encontro entre bispos e jovens do Mediterrâneo, que tem como principais temas as desigualdades, o diálogo inter-religioso e a mudança climática.

Sua 44ª viagem internacional e a primeira desde 1533 de um papa a Marselha desperta grande interesse, mesmo com o declínio do catolicismo na França, um país laico desde 1905 no qual as acusações de abuso sexual dentro da Igreja aceleraram a crise.

Milhares de fiéis são esperados nas ruas desta cidade cosmopolita - onde vivem as mais diversas comunidades e religiões - especialmente no sábado, dia que acontecerá uma missa para quase 60 mil pessoas no estádio Velódromo.

Primeiro, o papa Francisco percorrerá a grande avenida do Prado em seu "papamóvel", para que possa ser cumprimentado pela multidão. Depois, ele irá para a cerimônia no estádio, que contará com a presença do presidente francês, Emmanuel Macron.

A visita do papa gerou críticas da oposição esquerdista, que indicou que Macron "pisoteia" a neutralidade religiosa. O papa e o presidente têm uma conversa privada marcada para sábado (23).

(A.Monet--LPdF)