Juíza impõe ordem de silêncio parcial a Trump
A juíza federal que presidirá o julgamento de Donald Trump por supostamente conspirar para anular as eleições de 2020 nos Estados Unidos impôs uma ordem de silêncio parcial contra o ex-presidente nesta segunda-feira (16).
A juíza de distrito Tanya Chutkan ordenou que Trump não ataque promotores, funcionários do tribunal ou possíveis testemunhas com seus comentários no julgamento programado para começar em março de 2024 em Washington.
A decisão de Chutkan surge depois que o promotor especial Jack Smith apresentou uma moção argumentando que a retórica inflamatória de Trump ameaçava minar o seu julgamento.
Trump descreveu Chutkan em comentários públicos e postagens nas redes sociais como uma "fraude" e uma "juíza que odeia Trump", o gabinete de Smith como uma "equipe de bandidos" e Washington como uma cidade "suja e cheia de crimes" com uma população de "mais de 95% anti-Trump".
John Lauro, um dos advogados de Trump, argumentou contra a emissão de uma ordem de silêncio na audiência de duas horas nesta segunda-feira, alegando que infringiria os direitos de liberdade de expressão, garantidos pela Primeira Emenda, do presidente.
"O governo de [Joe] Biden está tentando censurar um candidato político em plena campanha", disse Lauro, referindo-se à candidatura de Trump para voltar à Casa Branca nas eleições de 2024.
Chutkan contra-atacou, dizendo que a aspiração de Trump não lhe dá "carta branca para depreciar os funcionários públicos que simplesmente estão fazendo seu trabalho". "Em que mundo é permitido que um acusado ataque a família de um promotor?", questionou.
- Sem adiamentos -
Pouco antes do início da audiência, Trump publicou em sua plataforma Truth Social: "A ORDEM DE SILÊNCIO A TRUMP que a Administração CORRUPTA de Biden está tentando obter é totalmente inconstitucional!"
Em comentários na rede social no domingo, ele também atacou Smith, chamando-o de "um promotor vazador, corrupto e perturbado", e menosprezou Chutkan como uma "juíza altamente partidária indicada por [o ex-presidente Barack] Obama".
Trump disse que essa medida tornaria "impossível" para ele criticar "os responsáveis pelo silenciamento, ou seja, o corrupto Joe Biden".
Chutkan também rejeitou nesta segunda-feira uma nova tentativa da defesa de Trump de adiar o julgamento para depois das eleições de novembro de 2024, quando provavelmente Trump e Biden voltarão a se enfrentar.
"Este julgamento não vai se submeter ao ciclo eleitoral", declarou Chutkan.
Trump é acusado de tentar alterar os resultados das eleições americanas de 2020, vencidas pelo democrata Joe Biden, em um plano que levou ao violento ataque dos seus apoiadores ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021.
Ele também é acusado de tentar privar os eleitores americanos de seus direitos, com suas falsas alegações de que venceu as eleições presidenciais de novembro de 2020.
Chutkan definiu 4 de março de 2024 como data de início do julgamento, o que pode interferir na campanha de Trump para ganhar a indicação republicana rumo às eleições presidenciais do mesmo ano.
(R.Lavigne--LPdF)