EUA têm novo dia de busca por assassino do Maine
Dois dias após o ataque a tiros que deixou 18 mortos no Maine, a polícia americana intensificou nesta sexta-feira (27), no nordeste do país, a busca pelo autor do massacre.
"Uma enorme quantidade de policiais, tempo e esforço está sendo direcionada 24 horas por dia" para encontrar o principal suspeito, disse na manhã de hoje o comandante da polícia da cidade de Lewiston, David St. Pierre, em entrevista coletiva.
O reservista do Exército Robert Card, 40 anos, é acusado de abrir fogo em uma pista de boliche e um bar-restaurante, matando 18 pessoas e ferindo outras 13. Autoridades indentificaram hoje as vítimas, que incluem um casal de cerca de 70 anos e um adolescente de 14, que morreu com o pai.
Agentes da polícia e do FBI foram mobilizados hoje em vários locais, entre eles, a orla do rio em que o automóvel do suspeito foi encontrado - onde planejam explorar seu fundo com sonar e mergulhadores.
O comissário de segurança pública do Maine, Mike Sauschick, disse em entrevista coletiva nesta tarde que o comércio da região pode reabrir. A caça foi proibida em Lewiston e localidades vizinhas, para evitar confusões causadas por tiros. “Queremos que os residentes se mantenham vigilantes”, ressaltou.
Muitos moradores de Lewiston, como o corretor de imóveis Cheryl Haggerty, acreditam que Card esteja morto. Assim como muitos no Maine, Haggerty acha que portar uma arma, como a que exibia na cintura, é uma medida de segurança.
- 'Lewiston forte' -
A busca parecia prestes a terminar na noite de ontem, quando a polícia se concentrou em frente a uma casa que pertencia, de acordo com um vizinho entrevistado pela AFP, à família do suspeito.
"Por favor, saia", repetiam os policiais durante toda a noite, com alto-falantes, "gostaríamos de falar com você". Os policiais, entretanto, partiram sem fazer declarações aos vários jornalistas presentes no local, e sem terem localizado o suspeito.
Drones, helicópteros e veículos blindados foram destinados para as proximidades da área.
Lewiston se transformou em uma cidade fantasma, depois que seus 36.000 habitantes receberam ordens das autoridades para se confinarem em suas casas devido ao perigo que Card representava.
Escolas e comércios fecharam suas portas, já o estacionamento da escola de ensino médio foi ocupado por policiais uniformizados e fortemente armados.
Na fachada de uma loja, Jeremy Hiltz, um morador, estendeu uma faixa com a frase "Lewiston forte" escrita. Os habitantes da cidade "vivem agora com uma sensação de vulnerabilidade da qual não acho que estávamos cientes" antes da tragédia, disse Hiltz.
Sete pessoas, uma mulher e seis homens, perderam a vida na pista de boliche "Just-In-Time"; oito morreram no bar-restaurante "Schemengees", localizado a poucos minutos de distância, e outros três feridos faleceram no hospital.
De acordo com relatos de testemunhas que estavam no boliche, os clientes se esconderam debaixo das mesas e dentro das máquinas, no final das pistas. "Me joguei em cima da minha filha, e minha mãe em cima de mim", descreveu Riley Dumont ao canal ABC.
Uma imagem divulgada pela polícia mostra um homem, vestido com uma camiseta marrom, entrando no estabelecimento com um fuzil semiautomático no ombro.
Autoridades não divulgaram as identidades das vítimas, mas entre os mortos no bar-restaurante Schemengees está Joseph Walker, de 57 anos, que trabalhava no local, contou seu pai para várias mídias americanas.
A polícia contou à família de Walker que o homem tentou deter o assassino com uma faca de cozinha antes de ser baleado.
- Nação de luto -
Na manhã de ontem, ao anunciar o elevado número de vítimas, a governadora do estado, Janet Mills, descreveu como "um dia sombrio para o Maine".
O presidente Joe Biden lamentou o ato, classificando-o como "trágico e sem sentido". Ele ordenou que a bandeira nacional fosse hasteada a meio mastro nos edifícios federais. "Novamente, nossa nação está de luto", disse, pedindo mais uma vez ao Congresso a proibição de armas de assalto - um ponto em que democratas e republicanos discordam há décadas.
O massacre de quarta-feira foi o pior nos Estados Unidos desde o ataque a tiros em uma escola de Uvalde, no Texas, em maio de 2022, que matou 19 crianças e dois professores. O país paga um preço alto pela proliferação de armas de fogo em seu território e pela facilidade com que os cidadãos têm acesso a elas.
Sem contar com os suicídios, mais de 15.000 pessoas morreram devido à violência armada no país desde o início do ano, segundo a organização não governamental Gun Violence Archieve.
O Maine é um dos estados com a menor taxa de homicídios per capita. Os 18 mortos no último incidente representam, de acordo com a associação Everytown, mais do que a média anual de homicídios por armas de fogo no estado.
(M.LaRue--LPdF)