Na Cisjordânia ocupada, colonos israelenses mantêm apoio ao governo de Netanyahu
Moshe Goldsmith, colono israelense na Cisjordânia ocupada, mantém seu firme apoio ao governo conservador de Benjamin Netanyahu, alvo de críticas por não ter evitado o ataque sangrento lançado em 7 de outubro pelo Hamas a partir da Faixa de Gaza.
"Sou um religioso sionista ortodoxo", afirma o ex-prefeito de Itamar, uma colônia de cerca de 1.500 habitantes, perto da cidade palestina de Nablus, no norte da Cisjordânia, em declarações à AFP.
"O que importa para mim, acima de tudo, é ter alguém no poder para defender os nossos direitos", diz Godsmith, um sexagenário de barba branca e quipá.
Goldsmith considera que o ataque dos milicianos islamistas, que segundo estimativas israelenses mataram 1.200 pessoas e sequestraram cerca de 240, não pode ser atribuído a um fracasso do governo.
A origem do problema, garante, remonta à "terrível tragédia" de 2005, quando Israel se retirou unilateralmente daquele território palestino, onde viviam cerca de 8.000 colonos israelenses.
Em retaliação ao ataque de 7 de outubro, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas, considerado uma organização terrorista pelos Estados Unidos, pela União Europeia e por Israel.
Desde então, o Exército israelense multiplicou os bombardeios e as operações terrestres, que deixaram quase 17.500 mortos na Faixa de Gaza, segundo o Hamas, no poder neste pequeno território desde 2007.
- Continuar a colonização -
"Parte do problema era que não estávamos mais presentes ali", diz Moshe Goldsmith, pai de cinco filhos e avô de dez netos.
"Se você não está no lugar, não sabe o que está acontecendo" e essa é a razão, afirma ele, dos erros da Inteligência israelense na previsão do ataque de 7 de outubro.
Segundo ele, a melhor forma de proteger Israel é continuar a construção de colônias na Cisjordânia, ocupada desde 1967, onde vivem 490 mil colonos em meio a uma população palestina de cerca de três milhões de habitantes.
Em Itamar, que acabou de ser ampliada com a aprovação do governo, os projetos de construção continuam, embora, como todas as colônias, sejam ilegais para o direito internacional.
Fundada há 40 anos, Itamar foi palco de ataques palestinos que mataram 16 pessoas ao longo das décadas, segundo dados oficiais israelenses.
Apesar disso, parece um local tranquilo e possui um parque com brinquedos, uma sinagoga, uma quadra polivalente e agora uma fábrica de alta tecnologia, que permite diversificar a oferta de emprego.
Desde 7 de outubro, a Cisjordânia registra uma intensificação da violência. Pelo menos 258 palestinos morreram nas mãos do Exército, mas também nas mãos dos colonos, segundo um relatório da Autoridade Palestina.
A violência dos colonos contra os palestinos, que segundo a ONG Human Rights Watch redobrou desde o ataque do Hamas e o início da guerra em Gaza, preocupa os aliados ocidentais de Israel.
Na terça-feira, os Estados Unidos anunciaram sanções contra "dezenas" de colonos envolvidos. Mas Moshe Goldsmith não se surpreende.
"O mundo criou essa mentira que consiste em nos transformar em pessoas violentas", afirma.
Em Elon Moreh, a poucos quilômetros de distância, o rabino Nissim Atyias, de 76 anos, está nesta colônia, de cerca de 2.000 habitantes, há 41 anos e denuncia "pessoas que realizam ações contra os árabes, nem sempre em legítima defesa".
Ele garante que votaria novamente na "liderança atual" em Israel, uma coalizão de partidos ultraortodoxos e de extrema direita, embora admita que tem "dúvidas" sobre as responsabilidades do Estado.
Na sala de estar de Nissim Atyias, ele pode ouvir o chamado muçulmano à oração em Nablus, uma das cidades palestinas mais populosas, que fica próxima à sua casa.
(A.Monet--LPdF)