Parlamento Europeu entrega postumamente Prêmio Sakharov a Mahsa Amini
O Parlamento Europeu entregou, nesta terça-feira (12), postumamente, o Prêmio Sakharov de Liberdade de Consciência à iraniana Mahsa Amini, uma jovem que morreu em 2022 enquanto estava sob custódia policial em seu país.
Amini, de 22 anos, foi presa por violar o código de vestimenta imposto às mulheres. Três dias depois, foi encontrada morta na delegacia onde estava detida, aparentemente vítima de espancamento.
A morte de Amini desencadeou uma onda de manifestações de protesto em todo Irã contra os líderes políticos e religiosos, tornando a jovem de origem curda um símbolo da luta contra a obrigação do uso do véu.
O Prêmio Sakharov de Liberdade de Consciência é a mais importante distinção da União Europeia (UE) em matéria de direitos humanos, e este ano Amini foi escolhida pelos principais blocos partidários no plenário.
No entanto, a família de Amini não obteve autorização para sair do Irã e só pôde ser representada no Parlamento Europeu por um advogado, que recebeu o prêmio simbolicamente.
Em uma mensagem lida pelo advogado, a mãe de Amini, Mojgan Eftekhari, afirmou que queria estar "presente em sua assembleia honrosa, representar todas as mulheres do meu país e expressar minha gratidão pela concessão do Prêmio Sakharov".
"Infelizmente, nos foi negada esta oportunidade, violando todas as normas legais e humanas", acrescentou. Em referência à sua filha, comparou-a a Joana d'Arc e apontou que "lhe tiraram a vida injustamente".
"Acredito firmemente que o nome dela, junto com o de Joana d'Arc, continuará sendo um símbolo de liberdade", afirmou em sua carta.
- "Cansadas do regime" -
A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, condenou a decisão iraniana de impedir a viagem da família de Amini e apontou que "a forma como foram tratados é um novo exemplo do que o povo iraniano enfrenta diariamente".
"A coragem e a resiliência das mulheres iranianas em sua luta por justiça, liberdade e direitos humanos não serão interrompidas. Suas vozes não podem ser silenciadas", assegurou Metsola.
Mais de uma centena de eurodeputados assinaram uma carta aberta para denunciar a decisão das autoridades iranianas, que, segundo eles, busca "silenciar" a família de Mahsa Amini.
Nesta terça-feira, duas ativistas iranianas representaram o movimento "Mulher, Vida, Liberdade", que também recebeu o Prêmio Sakharov.
Foram Afsoon Najafi, cuja irmã Hadis foi morta aos 22 anos durante uma manifestação em homenagem a Amini em 2022, e Mersedeh Shahinkar, ferida no olho durante uma manifestação contra o governo iraniano em outubro daquele ano.
"Estamos aqui em nome de todas as mulheres, estamos cansadas do regime iraniano", disse Shahinkar, que agora mora na Alemanha.
O anúncio da concessão do Prêmio Sakharov a Amini ocorreu dois dias depois de ser revelado que a ativista iraniana Narges Mohammadi foi agraciada com o Prêmio Nobel da Paz.
Mohammadi também não pôde viajar para Oslo para receber seu prêmio, pois está detida em Teerã desde 2021.
Em 2022, o Prêmio Sakharov foi para "o povo ucraniano".
(A.Monet--LPdF)