Ex-senador envolvido em assassinato de presidente do Haiti pega prisão perpétua nos EUA
A Justiça dos Estados Unidos condenou, nesta terça-feira (19), à prisão perpétua um ex-senador haitiano acusado de conspirar com outras pessoas para assassinar o presidente haitiano Jovenel Moïse em 7 de julho de 2021, na capital da ilha, Porto Príncipe.
Joseph Joel John, de 52 anos, compareceu pela manhã a um tribunal federal de Miami, na Flórida, para ouvir a sentença.
Vestido com um uniforme de presidiário marrom e algemado, se dirigiu ao tribunal em francês para explicar que não queria matar Moïse, mas fazer com que ele respondesse à Justiça haitiana por sua má gestão no comando do país.
Quando os demais conspiradores decidiram assassinar o presidente, não pôde voltar atrás por medo de morrer, garantiu ao juiz Jose Martinez.
"Magistrado, tenha piedade de mim", disse, antes de pedir perdão às pessoas próximas da vítima e ao povo haitiano por um "crime odioso que jamais deveria ter ocorrido".
Em outubro, John se declarou culpado de propiciar veículos e outros recursos para o magnicídio, além de se reunir várias vezes com os outros conspiradores, tanto no Haiti como no sul da Flórida.
O fato de parte da trama ter sido esquematizada na Flórida foi o que permitiu que a Justiça dos Estados Unidos reivindicasse jurisdição sobre o caso, no qual prendeu e apresentou denúncias contra 11 pessoas.
John é o terceiro condenado nos Estados Unidos pelo assassinato. Antes dele, Rodolphe Jaar, um empresário haitiano-chileno, e Germán Rivera, um oficial reformado do Exército colombiano, receberam sentenças de prisão perpétua este ano.
Em 7 de julho de 2021, um comando de mercenários colombianos assassinou Moïse, de 53 anos, a tiros em sua residência particular de Porto Príncipe, sem que houvesse a intervenção de seus guarda-costas.
Segundo a Promotoria dos Estados Unidos, dois diretores de uma empresa de segurança de Miami planejaram sequestrar Moïse e substitui-lo por Christian Sanon, um cidadão haitiano-americano que queria ser presidente do país caribenho.
O objetivo desses instigadores - o venezuelano Antonio Intriago e o colombiano Arcángel Pretel Ortiz - era firmar contratos lucrativos com um futuro governo liderado por Sanon, contra quem também foi apresentada uma denúncia nos Estados Unidos.
Ao não conseguirem sequestrar Moïse, os conspiradores decidiram matá-lo.
O Haiti deteve 17 pessoas pelo assassinato, segundo o jornal Miami Herald, mas nenhuma delas foi acusada formalmente.
O pequeno país, considerado o mais pobre das Américas, está mergulhado em um caos profundo desde a morte de seu presidente. Grupos armados controlam 80% de Porto Príncipe, e crimes violentos como sequestro, assalto a mão armada e roubo de carro dispararam.
As autoridades não realizaram nenhuma eleição desde 2016 e a Presidência está vacante desde o assassinato de Moïse.
(Y.Rousseau--LPdF)