PF pede indiciamento de Bolsonaro por fraude em cartão de vacina da covid-19
A Polícia Federal encontrou provas suficientes para indiciar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) depois de concluir uma investigação sobre a falsificação de certificados de vacinação contra a covid-19, o que foi classificado como um "absurdo" pela sua defesa.
A PF investigou uma suposta conspiração para "inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde para falsificação de cartões de vacina" do ex-presidente, de sua filha e de assessores próximos.
Os crimes apontados pela Polícia Federal são associação criminosa e introdução de dados falsos no sistema público. Agora caberá à Procuradoria-Geral da República (PGR) decidir se formaliza o indiciamento, segundo a mídia local.
Fabio Wajngarten, advogado de Bolsonaro, descreveu as acusações da PF como um "absurdo".
"Enquanto exercia o cargo de Presidente, ele estava completamente dispensado de apresentar qualquer tipo de certificado nas suas viagens. Trata-se de perseguição política e tentativa de esvaziar o enorme capital politico que só vem crescendo", escreveu o advogado na rede social X.
O ex-presidente, de 68 anos, prestou depoimento à Polícia Federal em Brasília em maio passado sobre esse caso. Sua casa foi revistada como parte das investigações.
Nesse depoimento, negou as acusações e afirmou que as autoridades tentavam "fabricar um caso" contra ele.
Após uma investigação paralela, a Controladoria-Geral da União (CGU) determinou em janeiro que o cartão de vacinação de Bolsonaro era "falso", após encontrar inconsistências entre os registros do Ministério da Saúde e de outras entidades oficiais.
Essa investigação procurou determinar se havia funcionários federais envolvidos na falsificação. No entanto, recomendou arquivar o caso "por ausência de elementos mínimos acerca da autoria dos fatos".
O objetivo teria sido contornar as restrições sanitárias que vigoravam nos Estados Unidos em dezembro de 2022, quando Bolsonaro viajou com uma delegação de familiares e assessores, dois dias antes do fim do seu mandato.
O ex-presidente então passou três meses no território americano.
Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens e considerado seu braço direito durante a presidência, foi detido preventivamente em maio de 2023 sob suspeita de "iniciar" a prática de atos ilícitos, que também teria contado com a colaboração de subordinados, de um médico, um advogado e outros militares.
Meses depois, ele foi libertado após um acordo de delação premiada.
(R.Dupont--LPdF)