Manifestações pró-palestinos se multiplicam em universidades dos EUA
Com centenas de detidos e confrontos com policiais, as manifestações pró-palestinos se tornaram uma onda em expansão nas universidades dos Estados Unidos, onde acampamentos se multiplicam nos campi, em um clima de aumento da tensão.
De Los Angeles a Nova York, passando por Austin e Boston, o movimento estudantil pró-palestinos cresce, uma semana depois de ter começado na Universidade de Columbia, em Nova York. Ele abrange universidades renomadas, como Princeton e Harvard.
Grupos de estudantes montaram barracas nos campi para denunciar o apoio militar americano a Israel e a situação humanitária dramática na Faixa de Gaza.
Na tarde de ontem, mais de 100 pessoas foram presas perto da Emerson College, em Boston. Em Austin, dezenas de estudantes da Universidade do Texas foram presos pela polícia montada.
No campus da Universidade do Sul da Califórnia (USC), em Los Angeles (oeste), 93 pessoas foram presas por invasão de propriedade privada.
A USC publicou na rede social X que o protesto havia terminado e que o campus permaneceria "fechado até nova ordem". Autoridades informaram que não houve feridos e que as patrulhas permaneceriam naquela área hoje.
No campus da universidade de Emory, em Atlanta, os manifestantes foram retirados à força pela polícia, segundo imagens registradas por um fotógrafo da AFP. A polícia de Atlanta informou que usou “irritantes químicos” diante da violência de alguns manifestantes.
- Onda crescente -
Apesar disso, o movimento de protesto cresce. Um novo acampamento foi montado na manhã desta quinta-feira em Washington, onde está prevista uma manifestação.
Na Ucla, em Los Angeles, mais de 200 estudantes montaram um acampamento com cerca de 30 barracas, cercado de faixas.
A estudante de ciência política Kaia Shah, de 23 anos, é uma entusiasta. “É incrível o que vemos em outros campi. É uma amostra de quantas pessoas apoiam esta causa”, disse.
Em Austin, cerca de 2.000 estudantes se manifestaram hoje no campus da Universidade do Texas, aos gritos de "Libertem a Palestina!". Para a professora Kit Belgium, a universidade deve garantir “a liberdade de expressão e o debate livre de ideias”.
Perto de uma das manifestações pró-Gaza, cerca de 30 estudantes organizaram uma contramanifestação.
A estudante de jornalismo da Universidade do Texas Jasmine Rad, uma jovem judia de 19 anos, considera as manifestações de apoio aos palestinos perigosas. “Causam danos aos estudantes judeus e àqueles que não se sentem seguros por causa da violência em nosso campus.”
- Preocupação -
Autoridades temem que os protestos propaguem incidentes antissemistas. O presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, visitou ontem a Universidade de Columbia, onde mencionou "o vírus do antissemitismo" e alertou que pode recorrer à Guarda Nacional se os protestos não cessarem.
A USC decidiu hoje cancelar sua principal cerimônia de formatura deste ano, devido "às novas medidas de segurança".
(V.Castillon--LPdF)