Stormy Daniels é interrogada pela defesa de Donald Trump em Nova York
Stormy Daniels voltou a depor nesta quinta-feira (9) no histórico julgamento de Donald Trump, no qual a defesa do magnata continuou com seu interrogatório incansável.
A ex-atriz pornô é protagonista do caso que colocou um ex-presidente americano pela primeira vez no banco dos réus.
Trump, de 77 anos, é acusado de comprar o silêncio de Daniels por 130 mil dólares (R$ 455 mil) na reta final da campanha eleitoral de 2016, para que ela não revelasse uma relação sexual entre os dois dez anos antes.
O ex-presidente é acusado de falsificar 34 documentos contábeis de sua empresa familiar, a Trump Organization, para reembolsar seu então advogado, Michael Cohen, que era o responsável pelos pagamentos a Daniels.
Os advogados de Trump descreveram a ex-atriz pornô como “desprezível, gananciosa e indigna de confiança” e a acusaram de “extorquir” o magnata republicano, que está em plena campanha para as eleições presidenciais de novembro contra Joe Biden.
“Eu queria que a verdade estivesse impressa em algum tipo de registro em papel, fosse uma entrevista, um vídeo ou dinheiro”, disse Daniels na retomada do interrogatório nesta quinta-feira.
Em um depoimento de quase cinco horas na última terça-feira, Daniels, de 45 anos, fez uma descrição gráfica do suposto encontro com o magnata em um torneio de golfe em 2006.
A ex-atriz pornô descreveu como era o pijama do magnata, sua roupa íntima, a posição sexual e disse que ele não usava preservativo.
Embora “não tenha sido ameaçada verbal ou fisicamente”, Daniels disse que “sentiu vergonha por não ter impedido, por não ter dito não”.
Os advogados de Trump chegaram ao ponto de pedir a anulação do julgamento, alegando que o seu depoimento é “extremamente prejudicial” para um caso que trata essencialmente de registros contábeis relacionados às eleições.
O juiz Juan Merchan ordenou que o julgamento continuasse, mas reconheceu que "era melhor que Daniels não tivesse dito parte do depoimento."
- "Caso inventado" -
Falando aos repórteres do lado de fora do tribunal na quinta-feira, Trump chamou o julgamento de “caso Frankenstein”.
“O promotor está inventando à medida que avança”, gritou o magnata, que não fez referência ao interrogatório.
Merchan proibiu Trump, que durante anos chamou Daniels de “cara de cavalo” e lançou outros insultos grosseiros, de falar publicamente sobre testemunhas, jurados e funcionários do tribunal.
O ex-presidente disse na quinta-feira que entrou com um recurso contra a ordem de silêncio em um tribunal de apelações, mas não forneceu mais detalhes.
Em uma publicação na sua plataforma, a Truth Social, na quarta-feira, Trump se queixou da proibição, dizendo que o seu “direito constitucional à liberdade de expressão” tinha sido “restringido injustamente”.
"É difícil sentar e ouvir as mentiras e declarações falsas feitas contra você, sabendo que se você responder, mesmo da forma mais humilde, um juiz corrupto e altamente conflituoso estará lhe dizendo que você irá PRESO, talvez por um longo período de tempo”, escreveu.
Além do caso de Nova York, Trump foi acusado em Washington e na Geórgia de conspirar para anular os resultados das eleições de 2020 e na Flórida de supostamente fazer mau uso de documentos confidenciais após deixar a Casa Branca, mas este último caso foi adiado indefinidamente.
(C.Fontaine--LPdF)