Justiça do Peru divulgará na 2ª sentença do ex-presidente Toledo por caso Odebrecht
O julgamento do ex-presidente peruano Alejandro Toledo, para quem a Promotoria pediu mais de 20 anos de prisão por supostas propinas milionárias recebidas da Odebrecht, terminou nesta quarta-feira (16), e a sentença será anunciada na próxima segunda.
Toledo, de 78 anos, reiterou sua inocência na última audiência do julgamento e implorou, soluçando, para ser hospitalizado por causa de um câncer do qual ele diz padecer.
"Sou inocente, nunca fiz nenhum acerto com o senhor (Jorge Simões) Barata", que foi diretor da Odebrecht no Peru, disse Toledo à juíza principal do caso, Zaida Pérez.
Dirigindo-se ao tribunal, formado por três magistrados, o ex-presidente pediu que a decisão leve em conta seu estado de saúde.
"Tenho câncer e problemas no coração (...) Quero ir para uma clínica privada, peço-lhes por favor que me deixem me tratar ou morrer na minha casa", acrescentou Toledo em suas alegações transmitidas pelo Poder Judiciário.
Após sua intervenção, a juíza deu por concluído o julgamento iniciado em 17 de outubro de 2023.
A Promotoria pediu pena de 20 anos e seis meses de prisão para Toledo desde que apresentou a acusação, em abril de 2023. Também pediu seis anos de inabilitação para ocupar cargos públicos.
O ex-presidente, que governou o Peru entre 2001 e 2006, é acusado de conluio e lavagem de dinheiro por supostamente ter recebido da Odebrecht US$ 35 milhões (cerca de R$ 93 milhões, em cotação da época) em troca de licitações para construir dois trechos da rodovia Interoceânica Sul, que liga o Peru ao Brasil.
Segundo a acusação, o pagamento da propina permitiu à Odebrecht ganhar a concessão desta rodovia em 2004.
Se for condenado, Toledo se tornará o primeiro ex-presidente peruano sentenciado pelo caso Odebrecht.
Toledo nega as acusações desde que, em 2016, a empreiteira brasileira revelou, perante a Justiça dos Estados Unidos, um esquema de corrupção em obras públicas em nível regional.
O esquema da Odebrecht atingiu quatro ex-presidentes do Peru. Além de Toledo, a promotoria investigou Alan García (2006-2011), que se suicidou em 2019, antes de ser preso, Ollanta Humala (2011-2016) e Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018).
No caso de Toledo, foram chaves os testemunhos de seu antigo colaborador, Josef Maiman, e de Jorge Barata, ex-representante da Odebrecht no Peru. Os dois afirmam que o ex-presidente recebeu as propinas.
Desde que foi extraditado dos Estados Unidos, em abril de 2023, Toledo está recluso em uma pequena prisão para ex-presidentes ao leste de Lima.
(A.Laurent--LPdF)