Liberdade de imprensa é 'atacada' em todo o mundo, diz chefe da ONU
"A liberdade de imprensa é atacada em todos os lugares do mundo", denunciou, nesta terça-feira (2), o secretário-geral da ONU, que criticou os ataques aos jornalistas e a desinformação.
"Todas as nossas liberdades dependem da liberdade de imprensa (...) A liberdade de imprensa representa o elemento fundamental dos direitos humanos", disse António Guterres em uma mensagem por vídeo na véspera do 30º aniversário do Dia Internacional da Liberdade de Imprensa.
"Porém, a liberdade de imprensa é atacada em todos os lugares do mundo", acrescentou.
"Os jornalistas e os empregados dos meios de comunicação são objeto de ataques diretos no desempenho fundamental de seu trabalho e fora da internet. São assediados, intimidados, detidos e presos sistematicamente", alertou.
Quando não são simplesmente assassinados. Segundo a organização Repórteres sem Fronteiras, 55 jornalistas e quatro colaboradores foram assassinados em 2022 no exercício de suas funções.
O secretário-geral da ONU também alertou sobre o "aumento da concentração da indústria dos meios de comunicações nas mãos de alguns poucos e a falência de muitos meios independentes".
"A verdade está ameaçada pela desinformação e os discursos de ódio, que tratam de deturpar os limites entre realidade e ficção, entre ciência e conspirações", acrescentou.
Em um ato organizado pela Unesco na sede da ONU, em Nova York, para marcar o 30º aniversário desse dia internacional, sua diretora-geral, Audrey Azoulay, também alertou para os "desafios" com que se depara a imprensa.
"Estes novos desafios que os jornalistas enfrentam chegam em um momento no qual necessitamos deles mais do que nunca porque o avanço da era digital modifica completamente o cenário da informação", disse Azoulay, antes de destacar o papel fundamental de uma imprensa "profissional, livre e independente" para "decifrar, revelar e descodificar".
Azoulay considerou "inaceitável" que os jornalistas sejam "perseguidos, atacados, às vezes, presos e isso, unicamente, porque fazem o seu trabalho".
"Hoje, pensamos em cada uma e um deles, já que além de sua situação pessoal, o que está em jogo é o serviço que prestam para toda a sociedade", afirmou.
O ex-editor do The New York Times Arthur Sulzberger falou em particular de Evan Gershkovich, jornalista americano do Wall Street Journal detido na Rússia, que o acusa de espionagem, o que ele nega. "Segue preso na Rússia por acusações falsas e deve ser libertado", reivindicou.
(F.Bonnet--LPdF)