Pixar volta aos cinemas com fábula sobre imigrantes em 'Elementos'
A Pixar está tentando voltar aos seus tempos de glória nas bilheterias com a oportuna fábula de imigrantes "Elementos", o primeiro filme totalmente original do estúdio a chegar aos cinemas desde o início da pandemia.
O filme, que estreia na próxima sexta-feira (16) nos cinemas comerciais dos Estados Unidos, acontece na fantástica Cidade dos Elementos. Seus habitantes são feitos de fogo, água, terra e ar e devem conviver em harmonia, apesar de suas diferenças fundamentais.
A trama segue um romance perigoso entre Ember, a filha apaixonada de um imigrante trabalhador, e Wade, o herdeiro de uma rica família de água.
À medida que seu relacionamento põe à prova o mantra da cidade, "os elementos não se misturam", o filme funciona como uma metáfora para o racismo, o preconceito e a assimilação.
"É tão proibido! O fato é que Ember e Wade arriscam suas vidas ao se aproximarem, é como Romeu e Julieta", disse Leah Lewis, que interpreta a protagonista.
"Este filme fala muito sobre família, lealdade, identidade cultural, sobre se apaixonar pela primeira vez", comentou a atriz, em conversa com a AFP, durante a estreia do filme nos Estados Unidos, esta semana em Los Angeles.
Assim como muitos dos atores deste filme, Lewis tem sua própria história como imigrante: ela foi adotada em um orfanato em Xangai por um casal da Flórida.
Mamoudou Athie, que dá voz a Wade, nasceu na Mauritânia e obteve sua cidadania americana há um ano. E Ronnie del Carmen, que interpreta Bernie (o pai de Ember), emigrou das Filipinas.
Várias das estrelas destacaram a importância da temática desta produção, no momento em que a imigração domina o debate político nos Estados Unidos.
- Pressão para a Pixar -
O filme também chega em um momento crítico para a Pixar.
O estúdio que lançou clássicos como "Toy Story", "Procurando Nemo" e "Up: Altas Aventuras" passou por anos difíceis.
Sua última produção original, não relacionada a uma franquia, a chegar aos cinemas foi "Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica", que estreou em 2020 e desapareceu rapidamente, à medida que a covid-19 fechava tudo em seu caminho.
Seus próximos títulos foram lançados diretamente na plataforma de streaming Disney+.
A Pixar voltou aos cinemas no ano passado com "Lightyear", mas a produção derivada de "Toy Story" não decolou nas bilheterias, e seu diretor foi um dos 75 funcionários do estúdio demitidos na semana passada, no meio dos cortes de pessoal da Disney.
Enquanto isso, seus rivais estão florescendo nesta era pós-pandemia.
"Homem-Aranha: através do Aranhaverso", da Sony, lidera as bilheterias nos Estados Unidos, enquanto a adaptação do jogo Super Mario Bros. para o cinema, feita pela Universal, é até agora o filme de maior bilheteria do ano, com 1,3 bilhão de dólares (em torno de 6,3 bilhões de reais na cotação atual a R$ 4,87) em ingressos vendidos.
Além disso, o Oscar de Melhor Animação, que tradicionalmente era conquistado pela Pixar, foi para a Netflix com a versão de Pinóquio dirigida por Guillermo del Toro.
Portanto, não surpreende que agora o estúdio da Disney esteja apostando tudo em "Elementos".
(N.Lambert--LPdF)