Escola ucraniana é bombardeada pela Rússia, que sofre novo ataque com drone
Pelo menos quatro funcionários morreram em um ataque russo que destruiu uma escola ucraniana nesta quarta-feira (23), enquanto a Rússia foi atacada pelo sexto dia consecutivo pelas forças ucranianas, com drones, em diversos pontos do país.
Em Romny, na região de Sumy (nordeste), "as equipes de resgate encontraram os corpos da diretora da escola, da vice-diretora, de um secretário e de um bibliotecário", disse o ministro do Interior, Igor Klimenko, no Telegram.
Três civis também morreram perto de Lyman, na região de Donetsk (leste), segundo as autoridades, e a Rússia voltou a atacar as instalações portuárias ucranianas de Izmail (sul), às margens do Danúbio.
Esta é a principal rota de exportação de produtos agrícolas ucranianos desde que Moscou se retirou, em julho, do acordo para facilitar as exportações de grãos ucranianos. Silos e armazéns sofreram danos, relatou o Ministério Público.
O ministro ucraniano da Infraestrutura, Oleksander Kubrakov, disse que os repetidos ataques russos aos portos do país destruíram "270 mil toneladas de grãos" em um mês.
Kiev negou, no entanto, a perda de um dos seus navios militares no Mar Negro. Moscou alegou ter "destruído" dois navios militares ucranianos.
"O míssil russo caiu na água”, afirmou o Ministério da Defesa.
A Inteligência militar ucraniana também afirmou ter destruído um sistema de defesa antiaérea russo na península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014.
As autoridades russas não fizeram comentários sobre este episódio, mas influentes blogs militares russos relataram o ataque, que aconteceu longe da linha de frente do conflito e que mostra que a defesa aérea também está sendo posta à prova.
- Sexto dia -
A Rússia, que ocupa amplas faixas de território do leste e sul da Ucrânia, enfrenta uma contraofensiva nas regiões de fronteira.
Em um ataque ucraniano a Belgorod, "três civis morreram" no povoado de Lavy, depois de um drone ter lançado um artefato explosivo, disse o governador regional, Vyacheslav Gladkov, no Telegram.
A porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, destacou "o papel dos serviços de Inteligência ocidentais nestes crimes", já que "fornecem aos neonazistas ucranianos informação que lhes permite rastrear as rotas destes drones".
Estes drones penetram a Rússia com cada vez mais frequência e mais profundidade. Um deles chegou ao centro de Moscou na madrugada desta quarta-feira, antes de ser "neutralizado" e colidir com um prédio em construção no distrito financeiro, descreveu o Ministério russo da Defesa.
Um fotógrafo da AFP observou que uma janela de um arranha-céu parecia destruída, e outras ao redor, escurecidas, enquanto a polícia isolava o perímetro.
Os sistemas de defesa antiaérea russos destruíram outros dois drones em Mozhaisk, na região de Moscou, disse o ministério.
Vladislav Chapcha, governador da região de Kaluga, a sudoeste de Moscou, também afirmou no Telegram que "um ataque de drones foi repelido no território do distrito de Kirovsky".
O tráfego aéreo nos aeroportos internacionais de Vnukovo, Domodedovo e Sheremetyevo voltou a ser interrompido, por um breve período.
- Novos aviões de combate -
Em paralelo, a contraofensiva ucraniana avança lentamente para tentar liberar as regiões ocupadas.
Fontes do governo ucraniano afirmam que esta é uma operação longa e complexa, após as críticas de países ocidentais sobre o bloqueio na recuperação de territórios.
A Ucrânia pede aos aliados ocidentais ainda mais ajuda militar para conseguir penetrar nas linhas inimigas, uma tarefa complicada diante da defesa construída pelas forças russas, em particular as armadilhas antitanque e os campos minados.
Após uma rápida viagem por países europeus, na qual ouviu a promessa de entrega de novos caças F-16 nos próximos meses, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, recebeu outro aliado em Kiev, o primeiro-ministro finlandês, Petteri Orpo. Seu país entrou para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na esteira da invasão russa ao território da Ucrânia.
O presidente russo, Vladimir Putin, participou por videoconferência na cúpula do grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Ele é objeto de um mandado de detenção do Tribunal Penal Internacional e não viajou para Johannesburgo.
Putin voltou a culpar os ocidentais pelo conflito, por considerar que os Estados Unidos e os países europeus começaram a apoiar uma revolução pró-Ocidente em Kiev em 2014.
"Nossas ações na Ucrânia são determinadas por uma coisa: acabar com esta guerra, provocada pelo Ocidente", afirmou.
(P.Toussaint--LPdF)