Sindicato automotivo dos EUA amplia greve em General Motors e Stellantis
O sindicato de trabalhadores do setor automotivo dos Estados Unidos ampliou, nesta sexta-feira (22), uma greve contra duas das três maiores montadoras do país e convidou o presidente Joe Biden a apoiar os trabalhadores nos piquetes.
O presidente do sindicato United Auto Workers (UAW), Shawn Fain, anunciou uma greve nos 38 centros de distribuição e de peças de reposição americanos de General Motors e Stellantis, as duas montadoras com as quais as negociações estão paralisadas.
Cerca de 5.600 trabalhadores de 20 estados aderiram à paralisação, segundo estimativas do UAW.
Contudo, a greve nã foi ampliada na Ford, pois, embora haja discrepâncias em algumas questões, a empresa ofereceu concessões desde que a greve começou há uma semana.
"Como vínhamos dizendo há semanas, não vamos esperar eternamente para conseguir contratos justos" nas três grandes montadoras do país, disse Fain em uma sessão informativa.
"Convidamos e incentivamos qualquer um que apoie a nossa causa a se juntar a nós nos piquetes, desde amigos e familiares até o presidente dos Estados Unidos", acrescentou Fain. "Podem ajudar a construir nosso movimento e mostrar para as empresas que a população nos apoia."
Este aceno de Fain a Biden chega depois que o presidente americano manifestou apoio às reivindicações dos trabalhadores e afirmou esta semana, em evento na ONU, que "o recorde nos lucros das empresas deveria refletir em melhores contratos para os trabalhadores".
Ao contrário de outros grandes sindicatos, o UAW ainda não declarou apoio a Biden para a reeleição.
- Ford cede terreno -
Fain explicou que a Ford tinha melhorado as propostas anteriores ao restabelecer uma medida sobre o custo de vida que tinha sido suspensa em 2009. A empresa também ofereceu uma melhoria no sistema de participação nos lucros.
"Ainda não acabamos na Ford", acrescentou o presidente do sindicato. Contudo, reconheceu que a montadora "está levando a sério o desejo de chegar a um acordo", assinalou. "Na GM e na Stellantis a história é diferente", acrescentou.
Em nota, a Ford disse que "está trabalhando diligentemente com o UAW para chegar a um acordo que recompense" seus trabalhadores e permita à companhia "investir em um futuro vibrante e no crescimento".
"Embora estejamos conseguindo avanços em algumas áreas, ainda temos diferença significativas a resolver nas questões econômicas cruciais", diz o comunicado.
GM e Stellantis, por sua vez, não responderam de imediato a um pedido de comentário.
A estratégia do UAW de ampliar gradualmente a sua ação é parte do que Fain chamou de "greve de pé" - em alusão à histórica greve de "sentados" do UAW na década de 1930 - que tem como objetivo maximizar a influência negociadora do sindicato.
O UAW acusa as empresas de "avareza corporativa" e critica que cada um dos diretores-gerais das três maiores montadoras americanas ganhe mais de 20 milhões de dólares (cerca de R$ 100 milhões) por ano.
Fain também deixou de lado a convenção do UAW de escolher uma das três empresas como alvo da greve e, ao invés disso, lançou três séries independentes de conversas que pegaram as montadoras desprevenidas.
O UAW busca aumentos salariais de 40%, que igualariam a média dos aumentos recebidos pelos diretores-gerais nos últimos quatro anos.
Outras reivindicações chaves são a eliminação dos diferentes "níveis" salariais, um ajuste do custo de vida e o restabelecimento dos benefícios médicos para aposentados e de uma pensão para os funcionários de menor antiguidade.
Até agora, a greve que já dura uma semana teve efeito limitado nos lucros das empresas, pois nas três plantas onde começou a paralisação são produzidas caminhonetes de médio porte que são rentáveis, mas não constituem as maiores fontes de receita.
Os analistas consideram que o UAW deve ampliar ainda mais a greve, para plantas mais rentáveis, dependendo das negociações.
(V.Castillon--LPdF)