Nokia corta 14.000 vagas por desaceleração do 5G
A empresa finlandesa de telecomunicações Nokia anunciou, nesta quinta-feira (19), que vai cortar até 14.000 vagas de trabalho para enfrentar uma desaceleração da atividade em suas infraestruturas móveis.
O grupo deve enfrentar, em particular, uma queda nos investimentos das operadoras americanas em equipamentos 5G.
Este anúncio de corte de pessoal se soma a uma série de demissões na indústria de tecnologia, após um auge durante a pandemia da covid-19.
"No terceiro trimestre, constatamos um impacto maior dos desafios macroeconômicos no nosso negócio", afirmou o CEO da Nokia, Pekka Lundmark, citado em comunicado.
A meta é passar de 86.000 funcionários para uma faixa entre 72.000 e 77.000, de modo a reduzir os custos de produção, explicou.
O grupo espera reduzir os custos em até 1,2 bilhão de euros (US$ 1,26 bilhão, ou R$ 6,3 bilhões, na cotação do dias) até 2026, concentrando-se em particular nas redes móveis, assim como nos serviços de rede e na nuvem.
"As decisões de negócios mais difíceis de tomar são aquelas que impactam o nosso pessoal", acrescentou Lundmark.
O grupo registrou uma queda de 69% em seus lucros no terceiro trimestre, para 133 milhões de euros (US$ 140 milhões, ou R$ 707 milhões, na cotação do dia) em relação ao ano anterior.
"Os lucros foram muito mais fracos do que o esperado, e as perspectivas são mais incertas. Portanto, as coisas não parecem tão boas no curto prazo para a Nokia", disse à AFP Atte Riikola, analista da empresa de análise de renda variável Inderes.
Apesar da incerteza no terceiro trimestre, a Nokia disse que espera uma "melhora nos nossos negócios de rede no quarto trimestre".
Mas Riikola acredita que "as estimativas da Nokia vão cair drasticamente".
- Desaceleração do 5G -
Envolvida em uma competição pelas redes 5G com as concorrentes sueca Ericsson e chinesa Huawei, as vendas da Nokia caíram 20%, para 4,98 bilhões de euros (US$ 5,25 bilhões, ou R$ 26,5 bilhões na cotação do dia), no terceiro trimestre de 2023.
A Nokia esperava que o lançamento do 5G na Índia compensasse a desaceleração dos gastos das operadoras de telecomunicações americanas este ano, mas isso não aconteceu.
"Vimos alguma moderação no ritmo de implantação do 5G na Índia, o que significa que o crescimento ali não era mais suficiente para compensar a desaceleração na América do Norte", justificou Lundmark.
Os principais fabricantes mundiais de equipamentos de telecomunicações estão sendo afetados pela desaceleração do mercado global 5G.
(Y.Rousseau--LPdF)