Economia americana mais forte do que o esperado no terceiro trimestre
O crescimento da atividade econômica americana duplicou no terceiro trimestre em projeção anual comparado com o trimestre anterior, impulsionado pelo consumo das famílias, uma informação que segue distanciando a perspectiva de uma recessão e uma boa notícia para o presidente Joe Biden em campanha pela reeleição.
O crescimento do PIB americano alcançou os 4,9% em projeção anual (o valor de 12 meses se as condições forem mantidas no momento da medição) no trimestre julho-setembro, segundo a primeira estimativa do Departamento de Comércio publicada nesta quinta-feira (26).
Os analistas esperavam entre 4% a 4,7%.
"Nunca acreditei que necessitaríamos de uma recessão para baixar a inflação", reagiu Biden, felicitando-se pelo dado, em um comunicado.
"É um testemunho da resiliência dos consumidores e trabalhadores americanos", sustentada pela política oficial "Bidenomics", acrescentou o mandatário em plena campanha, ressaltando, mais uma vez, o termo que cunhou para se referir às suas medidas na área econômica.
Os americanos continuaram gastando e sustentaram o principal motor da maior economia mundial: o consumo.
Dedicaram a maior parte de seus salários à eletricidade, saúde e medicamentos, serviços financeiros e seguros. Também compraram equipamentos de informática e viajaram.
"O investimento imobiliário também aumentou", destacou Rubeela Farooqi, economista-chefe da High Frequency Economics, em uma nota.
- Crescimento "explosivo" -
Na comparação trimestre a trimestre, os dados mostram 1,2% para o terceiro trimestre.
É um crescimento "explosivo", apontou Kathy Bostjancic, economista-chefe da companhia de seguros Nationwide.
No segundo trimestre, a expansão da economia americana já havia surpreendido com uma cifra de 2,1% em projeção anual, e 0,5% sobre o trimestre anterior.
A tão anunciada desaceleração chegará finalmente?
O crescimento continuará no quarto trimestre, mas a um ritmo "significativamente" menor, prevê Farooqi, já que as altas taxas de juros "devem ter um impacto maior sobre os consumidores e as empresas no futuro".
O economista-chefe da Associação de Banqueiros Imobiliários (MBA), Mike Fratantoni, também espera que a situação se enfraqueça, já que "a poupança acumulada durante a pandemia segue diminuindo e os salários aumentam, mas lentamente".
- Nova ameaça de "shutdown" -
Há anos, a inflação reduz o poder de compra dos salários nos Estados Unidos. E o Federal Reserve (Fed, Banco Central americano) tenta, aumentando as taxas e encarecendo o crédito, esfriar a economia, fazendo a pressão sobre os preços diminuir.
Suas taxas de juros de referência estão em máximas desde 2001 e o custo dos empréstimos disparou.
Não tem conseguido, no entanto, frear o crescimento.
Os americanos têm empregos e, portanto, renda. E muitas famílias de maior poder aquisitivo ainda mantêm poupanças da época do covid.
A famosa "aterrissagem suave", como é conhecida uma queda de inflação sem que se dispare o desemprego nem que se produza uma recessão, parece uma realidade mais próxima.
A maior ameaça agora é a de uma paralisia das finanças públicas ou "shutdown" a partir de 17 de novembro, se o novo do presidente da Câmara dos Representantes, recém-eleito, Mike Johnson, não conseguir votar uma nova lei de orçamento que permita o funcionamento do governo federal.
A inflação, em setembro, marcou 3,7% anual, segundo o IPC publicado pelo Departamento do Trabalho. Enquanto, o índice PCE, seguido pelo Fed, será publicado na sexta-feira.
O objetivo do Fed é que ela fique na marca dos 2% anuais.
(E.Beaufort--LPdF)