BCE mantém taxas de juros inalteradas, mas vigia a inflação
O Banco Central Europeu (BCE) manteve, nesta quinta-feira (26), as suas taxas de referência inalteradas, após dez aumentos consecutivos desde julho de 2022, mas descartou qualquer redução devido aos persistentes riscos inflacionários agravados pela guerra no Oriente Médio.
Depois de aumentar as taxas de juros oficiais ao nível mais alto da história, os mercados esperavam esta pausa na política monetária restritiva.
Os guardiões do euro querem reservar algum tempo para analisar o rumo que a economia da zona do euro está tomando.
Desde a última reunião do BCE, em setembro, a situação econômica se deteriorou, enquanto a inflação acentuou a sua queda, de 5,2% em agosto para 4,3% em setembro, em termos anuais.
Isso indica que já existe "uma transmissão muito forte da política monetária, particularmente no setor bancário, e que o financiamento da economia é diretamente afetado", sublinhou a presidente do BCE, Christine Lagarde, acrescentando que outros efeitos na economia "ainda estão por vir."
A taxa de depósito de referência se mantém em 4,0%, o seu nível mais alto desde o lançamento da moeda única em 1999, enquanto a taxa de refinanciamento e a taxa de juros de facilidade marginal de crédito se situam em 4,50% e 4,75%, respectivamente.
"Devemos ser estáveis e permanecer firmes", sublinhou Lagarde perante a imprensa.
- Sem "margem" para cortes -
A pausa no aperto monetário deverá permitir também uma melhor avaliação do impacto das tensões geopolíticas relacionadas à guerra entre Israel e o Hamas, que geram receios de um aumento do custo do petróleo e da energia.
O BCE está "muito atento" ao risco econômico representado por este conflito, somado à turbulência pela guerra na Ucrânia, disse Lagarde.
Os preços da energia tornaram-se ainda "menos previsíveis" e "o aumento das tensões geopolíticas poderá fazê-los subir no curto prazo", considerou.
Neste contexto, "falar de uma redução é totalmente prematuro", segundo Lagarde, embora a debilidade da atividade econômica suscite receios de uma contração do Produto Interno Bruto da zona do euro no terceiro trimestre.
"O BCE só pode ter a certeza de que a inflação voltará ao seu objetivo de 2% se mantiver as taxas no seu nível restritivo atual durante tempo suficiente", disse Mark Wall, economista do Deutsche Bank.
No entanto, Holger Schmieding, economista do Berenberg Bank, acredita que o BCE está "se estabelecendo em uma área plana". "Se não houver grandes surpresas, as taxas permanecerão nos níveis atuais no futuro previsível", disse.
Em dezembro, a instituição monetária poderá tomar uma decisão com base nos últimos números da inflação e em um novo conjunto de projeções econômicas até 2026.
A maioria dos economistas não espera um corte nas taxas antes do segundo semestre de 2024, no mínimo. "O BCE não tem margem para baixar as taxas no próximo ano", devido ao risco contínuo de inflação, disse Jörg Krämer, economista do Commerzbank.
(N.Lambert--LPdF)