UE reduz previsão de crescimento para 2024 e prevê desaceleração da inflação
A Comissão Europeia reduziu nesta quinta-feira (15) a previsão de crescimento econômico da Eurozona para 2024, a 0,8%, e anunciou uma previsão de desaceleração da inflação mais expressiva que a esperada.
As projeções de outono (hemisfério norte, primavera no Brasil) da Comissão indicavam um crescimento de 1,2% na zona do euro em 2024, mas o desempenho ruim do bloco no fim de 2023 e início do ano provocou um corte de 0,4 ponto percentual.
Segundo o documento da Comissão, "a ampla estagnação da economia da UE ao longo de 2023 se transformou em um impulso frágil no início do novo ano".
A Comissão recordou que "a economia da UE escapou por pouco de uma recessão técnica no segundo semestre de 2023 e, no final do ano, o PIB real estava em termos gerais no mesmo nível, como no terceiro trimestre de 2022".
Porém, a Comissão destacou que a tendência será acompanhada por uma contração "mais rápida que o esperado" da inflação.
No relatório anterior, a Comissão havia projetado uma inflação de 3,2% para 2024, mas agora reduziu a previsão para 2,7%, trajetória que deve seguir para 2,2% no final de 2025.
"Uma retração nos preços das matérias-primas energéticas e um estímulo econômico enfraquecido propiciaram uma trajetória descendente mais acentuada do que o previsto para a inflação", afirmou o comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni.
Os analistas da Comissão destacaram que o fim das medidas de apoio ao setor energético e as perturbações comerciais no Mar Vermelho "exercerão alguma influência no aumento dos preços".
Porém, destaca o relatório, a tendência não será suficientemente forte para "alterar o processo de inflação em queda".
- Papel do BCE -
A trajetória da inflação abre perspectivas para uma redução das taxas básicas de juros que foram elevadas pelo Banco Central Europeu (BCE) para controlar o reajuste de preços.
A Comissão recordou que nos 15 meses entre julho de 2022 e setembro de 2023, o BCE aumentou as taxas de juros a 4,50%.
"Este foi o ciclo de ajuste mais rápido na história da zona do euro", afirmou a Comissão.
"Por este motivo, os mercados financeiros esperam que o BCE comece a cortar as taxas com mais força que o previsto no final do ano passado".
Entre as principais economias da UE, a Comissão projeta que a Alemanha deve encerrar o ano com uma alta modesta de 0,3% do PIB.
A previsão anterior da Comissão Europeia, divulgada em novembro, era de crescimento de 0,8% para a economia germânica.
A Itália deve registrar alta do PIB de 0,7%, a França deve crescer 0,9% e a Espanha 1,7%, segundo a Comissão.
O cenário deve ser considerado no contexto das incertezas e tensões geopolíticas, em particular o risco de uma ampliação do conflito no Oriente Médio.
"Esperamos que o aumento dos custos de transporte devido às perturbações comerciais no Mar Vermelho tenha apenas um impacto apenas marginal sobre a inflação", afirma o relatório.
O texto, no entanto, acrescenta que o cenário "pode resultar em novos problemas de abastecimento, que por sua vez poderiam sufocar a produção e provocar aumento de preços".
Gentiloni também mencionou que "as surpresas no crescimento econômico da China" e as "taxas de juro mais elevadas nos Estados Unidos podem agravar as condições financeiras globais".
(F.Bonnet--LPdF)