Congresso mundial de telefonia móvel começa em Barcelona de olho na IA
O Congresso mundial da telefonia móvel (MWC), evento-chave do setor de telecomunicações, começa na próxima segunda-feira (26), em Barcelona, em clima de euforia com a inteligência artificial (IA), com a qual o setor de tecnologia espera dar novo impulso ao mercado de dispositivos móveis.
Durante quatro dias, 95.000 profissionais vão percorrer os corredores deste grande encontro anual da conectividade, segundo a associação mundial de operadores de telecomunicação (GSMA), que organiza o evento desde 2006 na capital catalã.
Esta participação prevista, levemente superior à do ano passado (88.500 visitantes), ocorre em um contexto complicado para Barcelona, que declarou emergência, no início do mês, pela seca histórica que sufoca a Catalunha, no nordeste da Espanha, há três anos.
A decisão implica em novas restrições para cerca de seis milhões de pessoas, especialmente para os usos relacionados com agricultura, pecuária e indústria - uma situação que os organizadores do congresso asseguram ter levado em conta.
Alguns dos participantes "podem não estar conscientes de que estamos em plena seca", mas "vamos tentar com que as pessoas bebam menos água e economizem o máximo possível", afirmou o diretor-geral da GSMA, Mats Granryd, durante coletiva de imprensa.
- Relançar a inovação -
Segundo esta organização, que reúne quase 750 operadoras e fabricantes do setor de telecomunicações, esta edição contará com 2.400 expositores, além de 1.100 conferencistas (entre eles o presidente da Microsoft, Brad Smith, e o diretor-geral e fundador da Dell, Michael Dell).
Entre as empresas presentes, destacam-se as gigantes das telecomunicações Samsung, Xiaomi, Huawei, Orange e Vodafone, assim como vários pesos-pesados da tecnologia e da indústria, como Airbus, Google e Accenture, pois o MWC há anos tenta ampliar seu alcance.
Com um mercado móvel desaquecido nos últimos anos pela falta de novidades revolucionárias, esta 18ª edição do Congresso ocorre em um momento em que o setor espera iniciar sua retomada, impulsionado pelo desenvolvimento da inteligência artificial.
Segundo a empresa especializada IDC, no ano passado foi vendido 1,17 bilhão de dispositivos no mundo, o nível mais baixo em dez anos. As vendas, no entanto, foram revitalizadas no quarto trimestre (+8,5%) e "a dinâmica avança rapidamente para uma recuperação", destacou.
A inteligência artificial "está claramente em vias de democratização e já está em toda parte", ressaltou Thomas Husson, analista da Forrester, que espera que a IA "relance a inovação.
- Novos gadgets -
Vários empresas já anteciparam que vão apresentar novidades durante o congresso, como a start-up especializada em chips DeepX, a fabricante japonesa Fujitsu e a chinesa Honor, que apresentará uma câmera com IA.
A inteligência artificial já tinha marcado presença no MWC de 2023, mas agora "temos uma ideia melhor de como as operadoras e a indústria móvel podem aproveitá-la", avaliou Peter Jarich, encarregado de inteligência da GSMA.
Além das questões ligadas à IA, nesta edição os profissionais poderão discutir também a recomposição do mercado europeu, após a anunciada fusão da Orange e da MasMovil na Espanha, assim como o financiamento das redes de telecomunicação diante da explosão do tráfego de dados.
Há anos, as operadoras lamentam ter que arcar com os grandes investimentos em infraestrutura necessários para permitir assistir vídeos em plataformas como Netflix, YouTube e TikTok, que se opõem a assumir parte destes gastos.
O desaquecimento da economia chinesa e suas consequências para o setor será outro dos temas acompanhados de perto, embora, segundo a GSMA, não vá afetar diretamente o salão: as empresas chinesas e, especialmente a Huawei, "continuam sendo de longe os maiores expositores", insistiu Mats Granryd.
Mas, para além destes debates, a maioria das atenções se voltará, como ocorre a cada ano, para os novos gadgets, entre os quais estarão robôs humanoides, realidade virtual e todo tipo de aplicativos. Este ano, no entanto, há um que promete assumir protagonismo: um veículo capaz de trafegar tanto pela terra quando pelo ar.
(R.Lavigne--LPdF)