Boeing anuncia saída de CEO em meio a crise
A fabricante de aviões americana Boeing, em crise após problemas de segurança em seus aparelhos, anunciou, nesta segunda-feira (25), a saída, no fim do ano, do seu CEO, Dave Calhoun, e de outros executivos.
Além de Calhoun, que permanecerá no cargo até o fim de 2024, a Boeing anunciou outras duas mudanças importantes na direção da empresa. Stan Deal, diretor da divisão de aviação comercial desde 2019, será substituído com efeito imediato, e o presidente da junta, Larry Kellner, sairá após a reunião anual da empresa, na primavera boreal.
Stephanie Pope, executiva da Boeing, irá substituir Deal, enquanto o ex-diretor executivo da fabricante de chips Qualcomm Steve Mollenkopf será o novo presidente.
As mudanças de executivos acontecem após um acidente ocorrido no começo de janeiro com um avião modelo 737 MAX 9 da Alaska Airlines, no qual uma porta da cabine se soltou em pleno voo.
“O mundo nos observa e sei que vamos superar este momento para sermos uma empresa melhor", escreveu Calhoun em carta aos funcionários, na qual ressalta que “a segurança e qualidade são o que colocamos acima de tudo”.
No mês passado, autoridades americanas deram à Boeing um prazo de 90 dias para apresentar um plano de controle de qualidade. A Agência Federal de Aviação Civil (FAA) manifestou que a empresa deve “se comprometer com uma melhora verdadeira e profunda".
- Questionamentos -
A empresa também enfrentou fortes questionamentos por parte das companhias aéreas, que haviam solicitado uma reunião com o conselho de administração da Boeing.
O incidente da Alaska Airlines colocou a Boeing de volta na berlinda, um lugar nada estranho para a empresa, depois que o 737 MAX foi mantido em terra por 20 meses após acidentes fatais ocorridos em 2018 e 2019.
A Boeing nomeou Dave Calhoun CEO depois de destituir, em dezembro de 2019, Dennis Muilenburg, criticado por sua gestão da crise do MAX após os acidentes. Seu mandato, no entanto, teve desafios, como os efeitos da suspensão do MAX e a grave crise da indústria devido à Covid-19, que foram seguidos de um frenesi de encomendas pós-pandemia, que pressionou a cadeia de abastecimento.
Em abril de 2021, a Boeing prorrogou o contrato de Calhoun como CEO potencialmente até 2028, aumentando a idade de aposentadoria da empresa para 70 anos.
Nas últimas semanas, a empresa enfrentou questionamentos, após outros episódios potencialmente perigosos, incluindo um incêndio no motor de um Boeing 747 logo após a decolagem do estado americano da Flórida, em janeiro.
No começo do mês, um Boeing 777 com destino ao Japão teve que fazer um pouso de emergência logo após decolar de San Francisco, quando uma roda se soltou e caiu no estacionamento de um aeroporto, danificando vários carros.
Na semana passada, autoridades da Nova Zelândia abriram uma investigação depois que um Boeing 787 Dreamliner perdeu altitude violentamente durante o voo de Sydney para Auckland, ferindo alguns passageiros.
- Reação mista -
As mudanças de liderança foram elogiadas pelo presidente executivo da Ryanair, Michael O'Leary, que as considerou "muito necessárias", uma vez que a companhia aérea irlandesa apontou o atraso nas entregas de novos aviões como um obstáculo às perspectivas da empresa.
Além de ter um melhor controle da segurança e qualidade, Calhoun disse que o novo CEO da Boeing precisará "saber como administrar um negócio grande e de ciclo longo como o nosso", incluindo supervisionar o próximo avião da empresa, um investimento de 50 bilhões de dólares (cerca de 250 bilhões de reais na cotação atual).
Pope, que anteriormente dirigiu a Boeing Global Services, foi promovido a diretor de operações em janeiro. Ele assumirá imediatamente o controle dos aviões comerciais.
Formado em engenharia elétrica, Mollenkopf, membro do conselho da Boeing desde 2020, vai liderar o processo de supervisão do próximo CEO.
(A.Renaud--LPdF)