Mineradora Anglo American dispara na bolsa após oferta de compra pela BHP
A mineradora britânica Anglo American registrou alta, nesta quinta-feira (25), de 13% na Bolsa de Londres, após uma oferta de compra pela concorrente anglo-australiana BHP, uma operação que criaria o maior produtor de cobre do mundo.
A gigante australiana da mineração quer comprar sua concorrente britânica, com sede em Londres, e que opera importantes jazidas de cobre no Chile e no Peru, por US$ 38,8 bilhões (R$ 200,4 bilhões, na cotação atual).
A BHP, sediada na Austrália, é avaliada na bolsa em cerca de US$ 148 bilhões (R$ 764,6 bilhões) e a Anglo American, em cerca de US$ 36 bilhões (R$ 186 bilhões).
"O conselho diretor está revisando atualmente esta proposta com seus assessores", disse a Anglo American em um comunicado, acrescentando que "não há certeza" sobre a oferta de compra nem sobre suas condições.
A companhia comunicou que essa oferta "não solicitada" deve ser formulada antes do prazo de 22 de maio.
A BHP propõe uma cessão por parte da Anglo American de suas atividades de produção de platina e de minério de ferro na África do Sul.
Uma das maiores mineradoras do mundo, a BHP registrou recentemente uma queda em seus lucros pelo declínio dos preços do níquel e pelas indenizações que teve que pagar pelo rompimento da barragem em Mariana, Minas Gerais, desastre ocorrido em 2015.
- "Maior produtor de cobre" -
Esta fusão, se concretizada, "criaria o maior produtor de mineração e cobre cotado em bolsa do mundo", aponta Neil Wilson, analista da Finalto. "Não tenhamos medo de dizer que é algo monstruoso".
A Anglo American anunciou no início deste ano sua intenção de eliminar milhares de postos de trabalho em seu negócio de platina na África do Sul.
O analista Neil Wilson observa que o aumento das ações da Anglo American nesta quinta-feira, que até agora não teve um ano muito bom, "apaga suas perdas na bolsa nos últimos 12 meses".
"Está claro que a BHP quer se fazer com os ativos de cobre", acrescenta Wilson, que acredita que esse fato não passará despercebido pelas autoridades de concorrência "dada a posição que as duas empresas combinadas ocupariam no mercado de cobre", equivalente a 10% da produção mundial.
As propriedades do cobre, em particular sua alta condutividade e sua ductilidade, devido à capacidade de se deformar sem quebrar, o tornam um metal-chave para a transição energética, permitindo diversos usos industriais, como na composição de baterias de veículos elétricos.
Caso concretizada, a operação também representaria um novo golpe para a Bolsa de Londres, que perderia mais valor do seu índice FTSE 100.
A fraqueza da libra em relação ao dólar e a subvalorização das empresas listadas na Bolsa de Londres em comparação com Wall Street tornam as empresas que cotam na capital britânica cada vez mais alvos de aquisições.
(V.Blanchet--LPdF)