França investiga TotalEnergies por ataque jihadista em Moçambique em 2021
A França abriu uma investigação contra a gigante petrolífera TotalEnergies por homicídio culposo relacionado com um ataque jihadista em Moçambique em 2021 que deixou centenas de mortos, informou neste sábado (4) o Ministério Público de Nanterre, nos arredores de Paris.
A investigação ocorre após a ação movida por sobreviventes e familiares das vítimas, na qual acusam o grupo francês, que desenvolvia um gigantesco projeto de gás na região, de homicídio culposo e falta de prestação de socorro, disse o Ministério Público à AFP.
O ataque em Palma, no norte de Moçambique, começou em 24 de março e foi reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI). Durou vários dias e causou um número ainda desconhecido de mortes entre a população local e os terceirizados da TotalEnergies. Algumas das vítimas foram decapitadas.
Os demandantes alegam que a TotalEnergies não protegeu os seus terceirizados nem forneceu combustível para que os helicópteros pudessem evacuar os civis após o ataque jihadista.
O grupo petrolífero, contatado pela AFP no sábado, reiterou um comunicado que emitiu assim que a ação foi instaurada, em outubro de 2023.
A empresa "negou firmemente estas acusações" e destacou "a ajuda de emergência que as equipes do Moçambique LNG [nome do megaprojeto] prestaram e os meios que mobilizaram para permitir a evacuação de mais de 2.500 pessoas" das instalações de Afungi, perto do centro de Palma.
Para os demandantes, a investigação do Ministério Público francês é "um desenvolvimento positivo", nas palavras de Nicholas Alexander, um sul-africano que sobreviveu ao ataque, e que denuncia "uma parte de responsabilidade" da TotalEnergies no caso.
Após o ataque, Maputo contabilizou cerca de trinta vítimas, mas de acordo com uma investigação do jornalista independente Alexander Perry, o número de vítimas seria de 1.402 civis mortos ou desaparecidos, incluindo 55 terceirizados.
Alguns deles refugiaram-se em um hotel na saída da cidade, sitiada durante vários dias pelos jihadistas. Pelo menos sete pessoas que tentaram fugir foram assassinadas.
O ataque levou à suspensão do projeto, no valor de 20 bilhões de dólares.
(M.LaRue--LPdF)