Desemprego reduz nos EUA, mas criação de novas vagas é menor do que o esperado
Redução do desemprego modesta e criação de novos postos abaixo das expectativas: o mercado de trabalho nos Estados Unidos esfria lentamente, dois meses antes das eleições presidenciais.
A poucos dias de uma reunião de política monetária durante a qual o Federal Reserve poderá iniciar um ciclo de redução das taxas básicas, o índice de desemprego caiu ligeiramente para 4,2% em agosto após registrar 4,3% em julho, alinhado à expectativa do mercado, segundo dados publicados nesta sexta-feira(6) pelo Departamento do Trabalho.
A economia americana criou 142 mil empregos, principalmente nos setores da saúde e construção, acima dos 114 mil em julho. O número, no entanto, está abaixo do esperado pelo mercado. Os dados sobre empregos criados nos dois meses anteriores foram revisados para baixo.
O presidente Joe Biden elogiou, ainda assim, a boa saúde do mercado de trabalho e observou que graças ao seu trabalho "para salvar a economia, foram criados quase 16 milhões de novos empregos" desde que assumiu o cargo, em janeiro de 2021.
Esta é uma questão delicada entre os eleitores que irão às urnas no dia 5 de novembro para escolher entre a vice-presidente democrata Kamala Harris e o ex-presidente republicano Donald Trump.
O milionário reagiu aos dados de terça-feira em um comunicado no qual afirmou que "sinais de alerta surgem à medida que a economia de Kamala enfraquece".
- Menos contratações -
Os dados mistos perturbaram Wall Street, que registrou baixa uma hora e meia após sua abertura.
Nancy Vanden Houten, economista da Oxford Economics, não vê razão para "pânico".
"Há uma redução inegável e generalizada das contratações", resumiu Ian Shepherdson, presidente e economista-chefe da Pantheon Macroeconomics, em nota.
Ocorreram menos contratações "do que o normal, após dois anos de crescimento expressivo", observou na quinta-feira Nela Richardson, economista da consultora ADP, que junto com o Stanford Lab, publica uma pesquisa mensal sobre o emprego no setor privado.
Para evitar que a situação se agrave, o Fed anunciou sua intenção de começar a reduzir as taxas em sua próxima reunião, de 17 a 18 de setembro.
A Fed aumentou suas taxas de juro para encarecer o crédito e desencorajar o consumo e os investimentos e controlar a inflação. Mas a desaceleração da economia afeta também o mercado de trabalho.
Apesar do desemprego ter aumentado, "permanece relativamente fraco em relação à média histórica", disse o presidente do Fed de Nova York, John Williams, nesta sexta-feira.
"Parte deste aumento (do desemprego nos últimos meses) reflete um enfraquecimento do mercado de trabalho que estava sobreaquecido", mas também se deve a um aumento do número de trabalhadores e não a um aumento das demissões, acrescentou.
- Piora -
Há, no entanto, muitos sinais de piora.
O presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, declarou na quarta-feira que após ter concentrado sua atenção na inflação por três anos, agora dá a mesma importância a situação do emprego.
O número de vagas caiu no final de julho a um mínimo desde janeiro de 2021, antes que o país registrasse uma forte escassez de mão de obra, segundo a pesquisa JOLTS publicada pelo Departamento de Trabalho.
Um levantamento recente do Fed mostrou que algumas regiões do país registraram uma piora do mercado de trabalho, com funcionários mais seletivos e mais tempo até conseguir um emprego.
(F.Moulin--LPdF)