China admite que sua economia enfrenta 'novos problemas'
As autoridades chinesas, incluindo o presidente Xi Jinping, admitiram nesta quinta-feira (16) que a economia do país enfrenta "novos problemas" e prometeram solucionar a crise do setor imobiliário para apoiar o crescimento.
As declarações, divulgadas pela agência oficial Xinhua, aconteceram durante uma reunião do Bureau Político, o principal órgão do Partido Comunista da China.
Analistas e investidores acreditam que é necessário aumentar a ajuda estatal para que a segunda maior economia do mundo consiga alcançar a meta de crescimento próxima de 5% em 2024.
"A reunião destacou que os fundamentos da economia não mudaram, com um grande mercado e um grande potencial", segundo a agência.
"Algumas situações e novos problemas emergiram no atual funcionamento da economia", afirmou a Xinhua após a reunião do órgão, que teve a participação de Xi. A nota da agência não especifica as dificuldades abordadas.
A China enfrenta uma crise sem precedentes em seu enorme setor imobiliário, além da queda de confiança das famílias e das empresas, que afeta o consumo, e das tensões geopolíticas com Estados Unidos e União Europeia.
Em meados de setembro, o país anunciou que aumentará gradualmente a idade legal para a aposentadoria a partir de 2025, uma reforma que não acontecia há décadas.
A reunião do Bureau Político aconteceu após uma semana de anúncios de medidas para estimular a economia, as mais importantes em anos, incluindo cortes nas taxas de juros e empréstimos hipotecários mais baratos.
"Devemos analisar a atual situação econômica de forma integral, objetiva e tranquila, enfrentar as dificuldades de frente e reforçar a confiança na economia", enfatizaram os líderes chineses.
A China "vai se esforçar para atingir as metas econômicas anuais", afirma o resumo da reunião, no que parece uma referência ao objetivo de crescimento estabelecido para 2024 pelo governo.
- "Responder às preocupações" -
Muitos economistas consideram que um crescimento de 5% é algo muito otimista diante da atual situação.
A taxa seria considerada ótima para um país ocidental, mas a meta está longe do crescimento das últimas décadas que levou o país ao topo da economia mundial.
A China divulgará o resultado do crescimento do terceiro trimestre em meados de outubro.
As autoridades do país também defenderam "melhorar a eficiência" da política econômica e mais cortes nas taxas de juros.
"Devemos responder às preocupações da população, ajustar as restrições à compra de casas, reduzir as taxas de juro dos empréstimos hipotecários existentes (...) e promover a construção de um novo modelo de desenvolvimento imobiliário", afirmou a Xinhua.
Ao mesmo tempo, a China cogita injetar 142 bilhões de dólares (777 bilhões de reais) nos bancos estatais para estimular a atividade econômica, a primeira medida deste tipo desde a crise financeira de 2008, informou a agência de notícias financeiras Bloomberg, que não revelou suas fontes.
O financiamento virá principalmente da emissão de novos títulos governamentais, segundo a Bloomberg.
(A.Monet--LPdF)