Futuro da UE não deveria depender das eleições americanas, diz presidente do Conselho
O futuro da União Europeia (UE) não deveria depender do resultado das eleições presidenciais nos Estados Unidos, afirmou o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, que sugeriu que tanto Donald Trump como Kamala Harris aplicarão políticas protecionistas.
"Sem dúvida, há algumas diferenças entre Harris e Trump", disse Michel na quinta-feira em Bruxelas, durante uma entrevista ao European Newsroom, que reúne várias agências de notícias europeias, incluindo a AFP.
"A curto prazo, será diferente. Mas a médio e longo prazo, temos certeza de que será fundamentalmente diferente?", questionou Michel, que será substituído em 1º de dezembro pelo português António Costa.
"Não quero que os meus filhos dependam de quem será o próximo presidente dos Estados Unidos, de quem será o presidente da China, da Rússia, e sim que tenham o controle do seu destino, porque é na Europa onde decidimos nosso futuro e nosso destino", afirmou.
Os países da UE temem que um possível retorno de Trump à Casa Branca inclua medidas protecionistas. Para Michel, no entanto, esta discussão não deveria ser central.
"Em termos de associações econômicas, vocês acreditam que com ou sem Harris, oucom ou sem Trump, os Estados Unidos deixarão de ser um país protecionista?", questionou. "São um país protecionista e lamento esta situação".
As eleições americanas acontecem em um momento delicado para a UE, com a ofensiva da Rússia na Ucrânia a ponto de completar três anos.
Os aliados europeus dos Estados Unidos temem que Trump interrompa a ajuda americana à Ucrânia e busque um acordo com a Rússia.
Para Michel, a UE deveria aumentar o "apoio militar e financeiro" à Ucrânia.
Ao recordar seus cinco anos de mandato, Michel lamentou que o bloco não tenha conseguido desempenhar um papel mais importante no Oriente Médio.
"Somos o primeiro parceiro econômico de Israel, por um lado, e o primeiro parceiro em termos de desenvolvimento do povo palestino, por outro", disse Michel.
"Deveríamos ser mais ambiciosos no momento de utilizar as ferramentas que temos em ambos os lados para alcançar mais estabilidade", concluiu.
(P.Toussaint--LPdF)