Putin ameaça atacar Kiev com míssil hipersônico
O presidente russo, Vladimir Putin, ameaçou nesta quinta-feira (28) atacar Kiev com mísseis Oreshnik, após afirmar que os ataques maciços durante a madrugada contra a Ucrânia foram uma resposta ao disparo de mísseis americanos ATACMS contra o seu território.
"Não descartamos o uso do Oreshnik contra alvos militares, instalações militares-industriais ou centros de tomada de decisão, inclusive em Kiev", disse Putin em coletiva de imprensa transmitida pela televisão russa do Cazaquistão, onde participa de uma cúpula regional.
Mais de 1 milhão de ucranianos ficaram sem eletricidade após um enorme ataque aéreo russo contra infraestruturas energéticas civis.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu a seus aliados uma "resposta firme" diante "da chantagem" russa. Também denunciou "uma vontade de matar e destruir", e acusou Putin de buscar uma escalada e de "não querer que esta guerra termine". "Devemos responder juntos à tentativa da Rússia de tornar esta situação ainda mais insuportável e prolongar esta guerra."
Desde que a invasão à Ucrânia começou, em fevereiro de 2022, a Rússia bombardeia a ex-república soviética e geralmente intensifica os seus ataques antes do inverno, concentrando-se especialmente na rede de energia.
Segundo a força aérea ucraniana, o Exército russo disparou 91 mísseis e 97 drones explosivos, dos quais 79 e 35 foram interceptados, respectivamente.
Porém, o presidente ucraniano acusou Moscou de ter atacado a infraestrutura energética com bombas de fragmentação, o que, disse ele, "complica consideravelmente a tarefa dos nossos socorristas e engenheiros elétricos".
A infraestrutura energética foi afetada em várias regiões da Ucrânia, causando cortes de energia "em todo o país", disse Serguii Kovalenko, diretor da Yasno, uma das empresas fornecedoras de eletricidade.
No total, pelo menos 1 milhão de ucranianos estão mergulhados na escuridão, segundo várias autoridades regionais. Zelensky novamente apelou a seus aliados para "enviarem rapidamente sistemas de defesa aérea".
- 'Produção em série' de mísseis hipersônicos -
No Cazaquistão, onde participa de uma cúpula regional, Vladimir Putin afirmou, nesta quinta-feira, que estes bombardeios foram "uma resposta aos contínuos ataques contra o nosso território com mísseis ATACMS".
O presidente russo disse que suas tropas lançaram 90 mísseis e 100 drones explosivos na Ucrânia.
Na semana passada, Putin alertou que a Rússia poderia atacar diretamente os países que ajudam Kiev ou disparar novamente o seu míssil hipersônico de alcance intermediário "Oreshnik" contra a Ucrânia, uma ameaça que até agora não cumpriu.
Nesta quinta-feira, o presidente disse que a produção "em série" deste novo projétil já "começou". O chefe de Estado russo voltou a exaltar as virtudes desse míssil balístico com capacidade nuclear de médio alcance, ou seja, até 5.500 km, capaz de atingir qualquer alvo na Europa e até na costa oeste dos Estados Unidos.
Falando aos seus pares da Ásia Central, Putin também afirmou saber quantos mísseis americanos ATACMS e britânicos Storm Shadow existem na Ucrânia, "onde estão exatamente e quantos serão entregues". Gabou-se, ainda, de que a Rússia produziu muito mais mísseis do que "todos os países da Otan juntos" e que aumentaria ainda mais a sua produção.
- Fator Trump -
Nas últimas semanas, coincidindo com a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, o conflito se intensificou. Sua chegada à Casa Branca é considerada um possível ponto de inflexão.
O atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou nesta quinta-feira que os ataques mais recentes da Rússia contra a Ucrânia evidenciam "a urgência" de um apoio a Kiev: "Esse ataque é ultrajante, e serve novamente como um forte lembrete da urgência e importância de apoiar o povo da Ucrânia em sua defesa contra a agressão russa."
Embora Trump nunca tenha explicado como planeja alcançar a paz, o governo ucraniano teme ser forçado a chegar à mesa de negociações com uma posição desfavorável. O magnata republicano escolheu ontem o general reformado Keith Kellogg, 80, como futuro enviado para acabar com a guerra entre Ucrânia e Rússia.
No front, a Rússia avançava no setor leste contra um Exército ucraniano enfraquecido. Nesse contexto de grande incerteza, o governo em fim de mandato de Joe Biden sugeriu que Kiev poderia reduzir a idade mínima de recrutamento militar de 25 para 18 anos para compensar a falta de efetivos.
(C.Fontaine--LPdF)