Copom eleva taxa Selic para 12,25%
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil elevou, nesta quarta-feira (11), a taxa básica de juros, a Selic, para 12,25%, acima das expectativas prévias das instituições financeiras e em meio a temores de uma possível aceleração do ritmo inflacionário.
O Copom anunciou um aumento de um ponto percentual na Selic, a terceira alta consecutiva no ciclo de ajuste iniciado em setembro.
O comitê destacou em nota que "o ambiente externo permanece desafiador", sobretudo pela conjuntura nos Estados Unidos, que "exige cautela".
A nível doméstico, o cenário é de "elevação das projeções de inflação" e "dinamismo acima do esperado na atividade" econômica, "o que exige uma política monetária ainda mais contracionista".
Em novembro, a inflação anualizada chegou a 4,87%, acima da taxa de tolerância oficial de 4,50%, segundo dados publicados na terça-feira.
O indicador mensal ficou em 0,39%, abaixo da taxa de outubro (0,56%), segundo o IBGE. Os analistas esperavam, em média, uma inflação menor, de 0,36%.
O Banco Central antecipa ajustes da mesma magnitude, um ponto, nas próximas duas reuniões do Copom, no início de 2025, se os preços continuarem subindo.
A decisão do Copom vai na contramão dos reiterados pedidos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para reduzir os juros para impulsionar o crescimento econômico.
O ajuste de um ponto percentual superou as estimativas de mais de uma centena de instituições financeiras e consultorias questionadas pelo jornal econômico Valor, que apostavam por um aumento de 0,75%.
O Copom elevou a taxa Selic em 0,25 ponto percentual em setembro e em 0,5 em novembro.
- Críticas da indústria -
Em uma crítica antecipada ao aumento da taxa de juros, a Confederação Nacional da Indústria afirmou na terça-feira que o Banco Central "ignora elementos importantes dos cenários econômicos nacional e internacional" e "traz efeitos indesejados à economia".
"Tornar a política monetária ainda mais contracionista é um erro", apontou a CNI em comunicado, "em um momento em que a política fiscal reduz de forma significativa o impulso fiscal sobre a atividade econômica".
O aumento da Selic coloca os juros no mesmo patamar de novembro do ano passado.
O Banco Central havia iniciado em agosto de 2023 uma redução progressiva da Selic, depois de um ano sem mudanças, em 13,75%, como resposta ao aumento de preços pós-pandemia de covid-19.
Desde junho de 2024, quando chegou a 10,50%, se manteve estável até a retomada do ciclo de altas em setembro.
A elevação dos juros encarece o crédito, o que desestimula o consumo e o investimento, reduzindo as pressões sobre os preços, ao mesmo tempo em que tira dinamismo da economia.
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil registrou uma expansão no terceiro trimestre de 0,9% em relação ao segundo, e de 4% em comparação com o mesmo período do ano passado.
Além disso, o desemprego registrou seu nível mais baixo desde 2012 no trimestre agosto-outubro (6,2%).
Apesar dos resultados econômicos sólidos, o governo Lula enfrenta a desconfiança do mercado financeiro sobre sua capacidade para controlar a expansão dos gastos públicos.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou um pacote fiscal de cortes de gastos estimado em R$ 70 bilhões até 2026, ao mesmo tempo em que apresentou uma proposta de isenção de imposto de renda para quem ganha até 5 mil reais, o que levaria a uma queda de arrecadação, criticada nos meios financeiros.
As críticas ao plano de ajuste fizeram o dólar disparar, superando pela primeira vez a barreira dos 6 reais.
A partir de janeiro, o Banco Central será presidido por Gabriel Galípolo, um economista de 42 anos indicado por Lula, que, apesar das pressões, afirma ter "total liberdade na tomada de decisão".
(L.Garnier--LPdF)