Meta busca servir à 'agenda' de Trump com fim do fact-checking, diz secretário de Lula
Com o encerramento do programa de fact-checking nos Estados Unidos, a Meta (Facebook, Instagram, WhatsApp) mostra que "topa servir de plataforma à agenda" do presidente eleito Donald Trump, disse o secretário de Políticas Digitais da Presidência da República nesta terça-feira (7).
"O anúncio feito hoje por Mark Zuckerberg [chefe da Meta] antecipa o início do governo Trump", escreveu João Brant em uma sequência de publicações na rede social X.
A decisão "explicita [a] aliança da Meta com o governo dos Estados Unidos para enfrentar União Europeia, Brasil e outros países que buscam proteger direitos no ambiente on-line", acrescentou.
Além disso, "sinaliza que a empresa não aceita a soberania dos países sobre o funcionamento do ambiente digital".
A luta contra a desinformação é um tema especialmente sensível no Brasil, onde a plataforma X, do magnata Elon Musk, teve o seu funcionamento suspenso por 40 dias no ano passado por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) ao não cumprir decisões judiciais.
No vídeo publicado nas redes sociais nesta terça, Zuckerberg fala de "cortes secretas na América Latina que podem ordenar silenciosamente as empresas" a eliminar conteúdo das plataformas digitais.
"É uma declaração fortíssima, que se refere ao STF como 'corte secreta'", opinou Brant.
O secretário de Políticas Digitais do governo de Luiz Inácio Lula da Silva também criticou a decisão de Zuckerberg de "reforçar o 'conteúdo cívico' nas plataformas, o que sinaliza que topa servir de plataforma à agenda de Trump".
A decisão da Meta "significa um convite para o ativismo da extrema direita", segundo Brant.
O anúncio de Zuckerberg reforça a relevância dos "esforços internacionais feitos no âmbito da ONU, UNESCO, G20 e da OCDE para reforçar a agenda de promoção da integridade da informação".
Por outro lado, o anúncio foi bem recebido pelo grupo político do ex-presidente Jair Bolsonaro, declarado inelegível por oito anos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2023 por difundir informações falsas sobre as urnas eletrônicas utilizadas no país.
"O efeito Trump só está começando e muito mais fatos serão revistos! Aguardem! A esquerda vai sucumbir!", escreveu no X um dos filhos do ex-presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL/SP).
(P.Toussaint--LPdF)