Jogadoras da seleção espanhola, que se disseram 'não convocáveis', comparecem à concentração
Vários jogadoras espanholas convocadas pela treinadora Montse Tomé começaram a chegar nesta terça-feira (19) ao hotel da concentração, confirmou a AFP, em meio às incertezas sobre se todas as jogadoras que se declararam não selecionáveis atenderão ao apelo da nova técnica.
Tomé surpreendeu na segunda-feira ao anunciar uma lista para os jogos contra Suécia e Suíça pela Liga das Nações, que incluía quinze campeãs mundiais e várias outras jogadoras que pediram para não serem convocadas enquanto não houvesse mudanças na Federação.
Aguardadas às 9h30 locais (6h30 no horário de Brasília), campeãs mundiais como Olga Carmona, Misa Rodríguez, Eva Navarro e Oihane Hernández, entre outras, chegaram ao hotel de Madri onde haviam sido convocadas pela Federação Espanhola (RFEF).
Todos assinaram o comunicado divulgado na sexta-feira em que 39 jogadoras, incluindo 21 das 23 campeãs mundiais, no qual consideraram que não estavam reunidas as condições para o seu regresso a 'La Roja' após o escândalo do beijo forçado do ex-presidente da RFEF, Luis Rubiales, em Jenni Hermoso.
Nessa nota, as jogadoras pediam mudanças em diversos departamentos da Federação.
Porém, na segunda-feira, Tomé, em sua estreia como treinadora, convocou quinze das campeãs, assim como várias outras signatárias daquele documento.
"Sim", respondeu Tomé nesta terça-feira em sua chegada ao hotel, quando questionada pelos jornalistas se confia em que as jogadoras atenderão ao seu chamado.
- "Aplicar a lei" -
Na segunda-feira, após tomarem conhecimento da convocação, as jogadoras voltaram a emitir outro comunicado em que consideravam a nota de sexta-feira "em vigor" e que continuavam a se considerar não selecionáveis.
As atletas viajarão para a cidade valenciana de Oliva, onde se reunirão antes de partirem rumo a Gotemburgo, na quinta-feira, para enfrentar a Suécia.
As jogadoras do Barcelona, que constituem a maior parte do elenco, viajarão diretamente para Valência nesta terça-feira, informou a mídia local.
As jogadoras arriscaram sofrer duras sanções financeiras de até 30.000 euros (cerca de R$ 155.600 pela cotação atual) e perda da licença da federação entre dois e cinco anos se não atendessem ao apelo da seleção nacional, conforme estipulado pela legislação espanhola.
"Se as jogadoras não comparecerem, infelizmente para elas o Governo vai aplicar a lei. Eu nunca gostaria de fazer o que teria de fazer, mas lei é lei", disse o secretário de Estado do Esporte, Víctor Franco.
"Nem imagino (sancionar as jogadoras), vamos encontrar soluções mais cedo, o que não podemos é continuar a cometer injustiças e a prejudicar" as jogadoras, afirmou nesta terça-feira o ministro da Cultura e dos Esportes, Miquel Iceta.
- Apoio das rivais -
"O presidente do Conselho Superior do Esporte (Víctor Francos) vai trabalhar pessoalmente na procura de uma solução", acrescentou Iceta, apelando à RFEF "que corrija todas as deficiências desta convocação atípica, que mude as estruturas federativas para que "a RFEF seja um espaço de segurança, competitividade e profissionalismo a que as jogadoras têm direito".
Franco "está mantendo conversas com as jogadoras da seleção nacional e planeja se reunir com elas esta tarde", disseram fontes do CSD à AFP nesta terça-feira.
A Espanha enfrenta a Suécia na sexta-feira e a Suíça no dia 26 de setembro em duas partidas da Liga das Nações, torneio que classifica para os Jogos Olímpicos de Paris, competição que a seleção feminina espanhola nunca disputou.
"Este desafio pendente com a partida na Suécia visando estes próximos Jogos Olímpicos é muito importante e por isso o Governo apoia as campeãs e quer vê-las jogando e vencendo", disse a porta-voz do governo, Isabel Rodríguez.
As jogadoras espanholas também receberam o apoio de sua adversária, a sueca Filippa Angeldahl, que as apoiou mesmo em um eventual boicote do jogo.
"Elas têm de sentir o apoio à sua volta, que outros países as apoiam nas suas decisões. Se acham que devem boicotar para que algo aconteça, é claro que as apoiamos", disse Angeldahl, em uma coletiva de imprensa.
(P.Toussaint--LPdF)