EUA abrirá centros na Guatemala e na Colômbia para solicitações de migrantes
Os Estados Unidos vão abrir centros na Colômbia e na Guatemala para pré-selecionar os migrantes que poderão entrar no país quando for suspensa, em maio, uma norma que permite expulsar muitos dos que cruzam a fronteira com o México.
O governo do presidente Joe Biden teme que o número de solicitantes de asilo dispare em 11 de maio, quando será suspensa uma norma sanitária conhecida como Título 42, que permite bloquear ou expulsar a imensa maioria dos que chegam à fronteira sem visto ou documentação requerida para entrar no país.
A migração é um tema muito delicado para o presidente democrata, sobretudo agora que ele é candidato à reeleição nas presidenciais de 2024, quando poderá voltar a enfrentar seu antecessor, o republicano Donald Trump.
O magnata e os republicanos em geral acusam Biden de fracassar na gestão do que qualificam de "crise migratória" na fronteira com o México, por onde mais de 160.00 pessoas tentaram entrar em março, segundo dados oficiais.
Para remediar a situação, o governo anunciou, nesta quinta-feira (27), uma série de medidas com as quais espera frear uma avalanche migratória.
Segundo o Departamento de Estado, Washington abrirá "centros regionais de processamento" em toda a América Latina "para facilitar o acesso a vias legais" de entrada.
Começará pela Guatemala e pela Colômbia, países aos quais o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, agradeceu por "seus papéis como excelentes parceiros dos EUA nestes esforços", durante uma coletiva de imprensa conjunta com o secretário de Segurança Nacional, Alejandro Mayorkas.
Esses centros ficarão a cargo de organizações internacionais, porque contam com "alojamentos físicos" nos quais seus especialistas e funcionários americanos "farão uma seleção prévia das pessoas que chegarem", explicou Blinken.
Ali será determinado se os migrantes que "são elegíveis" para conseguir o status de refugiado, uma autorização de permanência temporária, a reunificação familiar ou uma permissão de trabalho nos Estados Unidos.
- Países aliados -
Os interessados poderão pedir uma entrevista por telefone para se dirigir ao centro regional mais próximo.
Biden conta com a colaboração de aliados como Espanha e Canadá, dois países que, segundo Washington, aceitarão referências destes centros para que os migrantes possam acessar seus programas.
Os centros regionais também vão proporcionar informação sobre as opções locais na América Latina e Caribe, incluindo as oportunidades de regularização nos países anfitriões e serviços sociais disponíveis.
Mayorkas calcula que os centros regionais permitiriam processar rapidamente "um maior número" de solicitações, inicialmente cerca de 5.000 e 6.000 a mais por mês.
Por outro lado, Washington "está simplificando" os processos de autorização de reunificação familiar para cubanos e haitianos e os estenderá a cidadãos de El Salvador, Guatemala, Honduras e Colômbia, informou Mayorkas.
O governo também continuará com o programa que permite aos migrantes usar o aplicativo CBP One para agendar hora e local para se apresentar a um porto de entrada. Será aplicado àqueles que se encontram no centro ou no norte do México.
E seguirá deixando entrar mensalmente cotas de migrantes de Cuba, Haiti, Nicarágua e Venezuela, segundo uma política pactuada com o México que reforça, em contrapartida, as expulsões daqueles que tentam cruzar a fronteira sem a documentação necessária.
- Deportação acelerada -
O governo americano adverte, porém, que em 12 de maio "a fronteira não estará aberta", como sugerem os traficantes de seres humanos por meio de campanhas de desinformação nas redes sociais.
Uma vez que for suspenso o Título 42, o governo adotará o Título 8, como vêm fazendo há décadas tanto democratas quanto republicanos.
O Título 8 permite expulsar todos aqueles que não tiverem uma autorização para entrar e, diferentemente do Título 42, se tentarem voltar a entrar serão sancionados com uma proibição de reingresso de pelo menos cinco anos e possíveis processos penais.
Aqueles que não recorrerem às "vias legais" irão se expor à "deportação acelerada" em questão de dias ou poucas semanas, advertiu Mayorkas, que inclui os cubanos e haitianos entre os possíveis expulsos para o México.
A deportação acelerada dos adultos que viajarem sozinhos será realizada a partir das instalações da Patrulha Fronteiriça e do Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas.
No caso das famílias é diferente e, após semanas de boatos, o governo decidiu "priorizar a unidade familiar", segundo Mayorkas.
As famílias serão deportadas, inclusive de forma acelerada, se descumprirem os requisitos para permanecer no país, mas para elas serão adotadas medidas alternativas à detenção, como o monitoramento por GPS.
(L.Garnier--LPdF)