Paraguai vota em eleições presidenciais apertadas, em meio a denúncias de corrupção
Os paraguaios elegem neste domingo(30) um novo presidente e o Congresso em eleições com resultados incertos, marcadas por denúncias de corrupção contra altas figuras do partido governista, e nas quais a continuidade das relações com Taiwan foi questionada.
Santiago Peña, um economista de 44 anos, está tentando manter o poder para o Partido Colorado (conservador), contra Efraín Alegre, um advogado de 60 anos que lidera a coalizão de centro-esquerda Concertación Nacional.
Minutos antes da abertura das assembleias de voto, às 07h locais (8h no horário de Brasília), ambos apelaram à população para votar.
"Temos os atributos e as condições para que todos os paraguaios fiquem em melhor situação. Vamos votar com tranquilidade e alegria, para que as urnas sejam um lugar de harmonia", disse Peña.
Por sua vez, Alegre pediu aos paraguaios que votem "com calma". "Não desanimem. Todos nós temos que ir às urnas, quanto maior a participação, maior a legitimidade da democracia", disse.
O Partido Colorado governou o Paraguai durante a maior parte das últimas sete décadas, sob a ditadura e sob a democracia. O atual presidente Mario Abdo, um dos primeiros a votar em Assunção, também pediu aos cidadãos que votem.
"Espero que seja um dia democrático e de paz. Espero que haja a maior participação e que vença quem tiver mais votos", afirmou.
As últimas pesquisas mostram um empate técnico entre Peña e Alegre. “Normalmente, a esta altura, o Partido Colorado tinha eleições garantidas, o que não está acontecendo desta vez. Chegamos no dia da eleição com um cenário em que qualquer um poderia ser o vencedor”, disse à AFP o analista político Sebastián Acha.
A eleição presidencial, em turno único, é vencida por maioria simples para um período de cinco anos, sem possibilidade de reeleição imediata.
- "Significativamente corruptos" -
A campanha eleitoral ocorreu simultaneamente com as sanções dos Estados Unidos contra alguns dos mais importantes líderes colorados, como o ex-presidente Horacio Cartes (2013-18), um rico empresário do tabaco, presidente do partido e padrinho político de Peña.
Designado em 2022 como "significativamente corrupto" pelo Departamento de Estado, que o proibiu de entrar nos Estados Unidos, ele foi sancionado em março pelo Tesouro.
“Essas acusações, de alguma forma transformam as eleições em um plebiscito contra ou a favor da corrupção”, disse Acha.
O Paraguai, no centro da América do Sul, é considerado um ponto de trânsito de drogas para o Brasil e Argentina antes de sua saída para a Europa e Ásia.
Em 2022, o promotor Marcelo Pecci e o prefeito José Carlos Acevedo foram assassinados, em crimes atribuídos ao narcotráfico.
Embora o Paraguai tenha uma das economias que mais crescem na América Latina – com previsão de 4,5% do PIB para 2023, segundo o Fundo Monetário Internacional – a pobreza chega a 24,7%, com enormes desigualdades.
Peña propôs a criação de 500.000 empregos. Alegre defende a incorporação do setor informal, que abrange 40% dos trabalhadores.
(F.Bonnet--LPdF)