Santiago Peña lidera apuração presidencial no Paraguai
O economista Santiago Peña, do governista Partido Colorado, lidera a apuração dos votos para as eleições presidenciais paraguaias, superando o líder liberal Efraín Alegre, em um processo eleitoral marcado por denúncias de corrupção contra importantes dirigentes do partido da situação.
Peña, de 44 anos, aparece em vantagem com 44,12% dos votos, seguido de Alegre, que, apoiado por uma coalizão de centro-esquerda, soma 27,77%, após a apuração de 68,74% das urnas, segundo a autoridade eleitoral.
O ex-deputado antissemita Paraguayo Cubas aparece em terceiro com 21,42% dos votos.
A eleição presidencial no Paraguai tem apenas um turno e é vencida por maioria simples.
O Partido Colorado, "na adversidade, sabe superar os obstáculos para se manter no poder", disse à AFP Roberto Codas, analista político e econômico da consultoria Desarrollo Empresarial.
"Neste caso, 'Payo' Cubas o ajudou, pois ficou como terceira força. Tomou votos de ambos os grupos, mas os mais afetados foram os opositores" do governo, disse.
O vencedor desta eleição sucederá o presidente Mario Abdo Benítez a partir de 15 de agosto por um mandato de cinco anos.
O Partido Colorado governou o Paraguai durante a maior parte das últimas sete décadas, sob a ditadura e sob a democracia, com uma breve interrupção durante o governo do esquerdista Fernando Lugo (2008-2012), que sofreu um impeachment um ano antes do fim de seu mandato.
- "Significativamente corruptos" -
A campanha eleitoral ocorreu simultaneamente com as sanções dos Estados Unidos contra alguns dos mais importantes líderes colorados, como o ex-presidente Horacio Cartes (2013-18), um rico empresário do setor do tabaco, presidente do partido e padrinho político de Peña.
Designado em 2022 como "significativamente corrupto" pelo Departamento de Estado, que o proibiu de entrar nos Estados Unidos, ele foi sancionado em março pelo Tesouro.
"Essas acusações, de alguma forma, transformam as eleições em um plebiscito contra ou a favor da corrupção", opinou o analista político Sebastián Acha.
O Paraguai, no centro da América do Sul, é considerado um ponto de trânsito de drogas para Brasil e Argentina antes de sua saída para Europa e Ásia.
Em 2022, o promotor Marcelo Pecci e o prefeito José Carlos Acevedo foram assassinados, em crimes atribuídos ao narcotráfico.
Embora o Paraguai tenha uma das economias que mais crescem na América Latina – com previsão de +4,5% para o PIB em 2023, segundo o Fundo Monetário Internacional – a pobreza atinge 24,7% da população, que sofre com enormes desigualdades.
Peña propôs a criação de 500 mil empregos. Alegre defende a incorporação do setor informal, que abrange 40% dos trabalhadores.
- Entre Taiwan e Jerusalém -
Questões controversas de política externa também foram abordadas na campanha.
Alegre disse que, se vencer, vai analisar a continuidade das relações diplomáticas do Paraguai com Taiwan, já que "significam a perda de um dos maiores mercados, a China".
Entretanto, Peña voltou a levantar a questão do reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel, anunciando a sua vontade de mudar novamente a sede da embaixada paraguaia para aquela cidade, uma medida que, em sintonia com Donald Trump, Cartes tinha tomado no final de seu governo e que Abdo reverteu.
(C.Fournier--LPdF)