Petro defende aliança com Espanha pautada no meio ambiente
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, defendeu uma aliança latino-americana com a Espanha que produza "políticas concretas" diante da crise climática, no primeiro dia de sua visita de Estado em Madri.
Em discurso perante o Parlamento espanhol, Petro valorizou o fato de a Espanha assumir, no segundo trimestre do ano, a presidência da União Europeia, sob a qual será realizada uma cúpula UE-CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos).
"Para onde estamos levando essas reuniões? Para manter as coisas como estão ou para estabelecer bases diferentes? Acho que o mundo exige, pelo menos do nosso lado, bases diferentes", disse Petro.
A cúpula, em julho em Bruxelas, "deve irradiar não apenas" uma mensagem de defesa do meio ambiente, mas também produzir "políticas concretas", acrescentou o primeiro presidente de esquerda da história da Colômbia.
"A Espanha tem muito a dizer em um encontro entre Europa e América Latina, pode dizer coisas novas", insistiu Petro, depois de receber a Chave de Ouro de Madri das mãos do prefeito José Luis Martínez-Almeida.
Petro, que promove a transição para energias limpas, é o promotor de uma aliança internacional para a proteção da Amazônia, e espera mobilizar recursos de países e empresas.
Seu discurso no Parlamento foi ofuscado por um protesto de legisladores do partido de extrema direita Vox, a terceira força política, que deixou a Câmara pouco antes de ele falar.
O Vox, que também convocou uma manifestação em frente ao Parlamento em que dezenas de pessoas repudiaram a presença do presidente, rebateu algumas palavras de Petro, que no dia 1º de maio elogiou os protagonistas da independência de seu país no século XIX, "dispostos a morrer" para "libertar-se do jugo espanhol".
Petro é "um terrorista impenitente. Um homem que, antes de pegar o avião para vir para a Espanha, insultou a Espanha", disse o líder do Vox, Santiago Abascal, a repórteres, criticando o passado guerrilheiro do presidente colombiano.
No seu discurso perante o Parlamento, Petro aludiu indiretamente à polêmica, afirmando que a sua presença procurou não "só recordar o passado, as marcas da história que estão entre nós", mas também abordar "o que os tempos atuais exigem de nós”.
Ao apresentá-lo, a presidente do Congresso dos Deputados, a socialista Meritxell Batet, elogiou as reformas que está promovendo na Colômbia, que "buscam objetivos que nosso país compartilha".
A visita de Petro coincide com a pior crise política interna desde que chegou ao poder em agosto, justamente por causa dos entraves do Legislativo para implementar as ambiciosas reformas que ele prometeu durante sua campanha.
(F.Bonnet--LPdF)