Responsável pela diplomacia dos EUA para América Latina recebe Guaidó
O opositor venezuelano Juan Guaidó foi recebido nesta sexta-feira (5), em Washington, no Departamento de Estado dos Estados Unidos pelo secretário adjunto para o Hemisfério Ocidental, Brian Nichols, no mesmo dia em que perdeu o apoio de seu partido para as eleições primárias na Venezuela.
O encontro também contou com a presença de Juan González, principal conselheiro do presidente Joe Biden para a região, disse à AFP um funcionário da Casa Branca, que pediu o anonimato.
"O agradeci [a Guaidó] por sua defesa corajosa em nome do povo venezuelano", escreveu Nichols no Twitter, junto de uma foto em que aparece ao lado do político opositor.
Guaidó chegou a Miami no fim de abril, procedente da Colômbia, de onde afirma ter sido expulso. Esta semana, viajou a Washington com uma agenda bastante cheia: palestras em dois think tanks, encontros com congressistas e a reunião com Nichols, que foi mantida em suspense até o último momento.
Os Estados Unidos não reconhecem o governo de Maduro por considerarem que sua reeleição em 2018 foi fraudulenta. Até agora, Washington vem manifestando apoio a Guaidó, que se autodeclarava presidente interino da Venezuela, apesar de a própria oposição ter encerrado em janeiro o governo interino que ele presidia.
Além disso, Guidó perdeu nas últimas horas o apoio do partido em que militava para as primárias de outubro, nas quais será escolhido o adversário do presidente Nicolás Maduro para as eleições de 2024.
"Seguimos lutando para que a democracia retorne [na Venezuela] através de eleições livres e justas e que se ponha fim aos abusos de direitos humanos", tuitou Nichols.
Guaidó, por sua vez, agradeceu o funcionário americano "por seu apoio e compromisso".
"Discutimos a necessidade de pressionar o regime de Maduro para que retorne ao processo do México, para manter a exigência de eleições livres na Venezuela e proteger aqueles que estão no terreno defendendo a democracia", escreveu o opositor na rede social.
O governo e a oposição venezuelanas estabeleceram uma mesa de diálogo no México, mas esta segue bloqueada desde novembro de 2022, pois o chavismo condiciona as negociações ao fim das sanções americanas, que foram reforçadas há quatro anos em uma tentativa de forçar a queda de Maduro.
Washington resiste a suspendê-las até que aconteçam eleições transparentes, mas reconhece que os tempos mudaram. O governo americano negociou com o chavismo uma troca de prisioneiros em outubro e flexibilizou algumas sanções para permitir que a Chevron retomasse a exploração limitada de petróleo na Venezuela, como parte de um esforço para manter baixos os preços globais do petróleo.
Além disso, a Casa Branca tem consciência de que a região tem se inclinado claramente para a esquerda, sobretudo em países-chaves como Colômbia e Brasil.
(V.Castillon--LPdF)