Canadá expulsa diplomata chinês após suposta intimidação a deputado
O governo do Canadá anunciou, nesta segunda-feira (8), a expulsão de um diplomata chinês acusado de tentar intimidar um legislador canadense e sua família por suas críticas a Pequim.
"O Canadá decidiu declarar 'persona non grata' o senhor Zhao Wei", disse a ministra de Relações Exteriores Mélanie Joly em comunicado.
"Não vamos tolerar nenhuma forma de ingerência estrangeira em nossos assuntos internos. Os diplomatas no Canadá foram advertidos de que, caso se envolvam nesse tipo de conduta, serão enviados para casa", acrescentou.
A expulsão ocorreu depois que veio à tona a notícia de que o deputado conservador Michael Chong e sua família, que vive em Hong Kong, teriam sido pressionados por questionar o regime chinês.
Na semana passada, o jornal The Globe and Mail informou que a agência de inteligência da China tinha planos de sancionar Chong e seus familiares em Hong Kong por ele ter votado, em fevereiro de 2021, a favor de uma moção que condenava as ações de Pequim na região de Xinjiang como um genocídio contra a minoria uigur.
O objetivo era, "com toda certeza, dar uma lição a este deputado e dissuadir outros de adotarem posturas antichinesas", diz a reportagem, que citou documentos classificados e uma fonte de segurança anônima.
Zhao, um funcionário diplomático no consulado da China em Toronto, esteve supostamente envolvido nesta trama.
Na sexta-feira, a China criticou o que considerou "calúnias e difamações infundadas" por parte do Canadá, depois que Ottawa convocou, ontem, o embaixador chinês para prestar esclarecimentos sobre as acusações de intimidação de Pequim a Chong.
O Ministério das Relações Exteriores da China negou ter agido mal e insistiu em que o escândalo tinha sido "exagerado por alguns políticos e meios de comunicação canadenses".
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, vem sendo cada vez mais pressionado a adotar um posicionamento mais duro com a China depois das revelações de que o país asiático teria tentado interferir nas eleições canadenses de 2019 e 2021, acusações que foram rejeitadas por Pequim.
Essas acusações passaram a ser o foco de audiências de comissões parlamentares e de outras investigações.
(H.Duplantier--LPdF)