Ucrânia afirma que repeliu onda de bombardeios russos, já Moscou reivindica sucesso do ataque
A Ucrânia afirmou nesta quinta-feira (18) que derrubou quase todos os mísseis russos lançados durante a noite contra a capital, Kiev, e outras regiões do país.
Moscou, no entanto, assegurou que destruiu todos os alvos do ataque.
Esta é a nona enxurrada de mísseis que atinge o território ucraniano desde o início de maio, ao mesmo tempo em que a Ucrânia busca reforçar seus arsenais com apoio das potências ocidentais, para lançar uma contraofensiva nas regiões ocupadas pela Rússia no leste.
A defesa antiáerea ucraniana destruiu "33 alvos aéreos: 29 mísseis e quatro drones" durante o "ataque noturno", declarou o comandante da Força Aérea Ucraniana, Mikola Oleshchuk.
Segundo os militares ucranianos, a Rússia lançou 30 mísseis de cruzeiro, que deixaram dois mortos, um no porto meridional (sul) de Odessa e outro na região de Kharkiv (nordeste).
O ministério da Defesa russo assegurou, no entanto, que os bombardeios foram bem-sucedidos e que todos os alvos designados foram "destruídos".
A operação tinha como objetivo destruir "grandes depósitos de armas e de munições" e "restringir" o movimento de tropas ucranianas, acrescentou o ministério russo, sem indicar a localização desses alvos.
Os bombardeios russos desse mês "não têm precedentes por sua potência, intensidade e diversidade" desde o início da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022, apontou a administração civil e militar de Kiev.
Os mísseis contra Kiev foram lançados a partir da região do Mar Cáspio, a mais de 1.000 quilômetros de distância, antes que os drones realizassem voos de reconhecimento sobre a capital, disse essa fonte.
"Todos os alvos inimigos no espaço aéreo de Kiev foram detectados e destruídos", afirmou essa autoridade.
Em Odessa, uma pessoa morreu durante o bombardeio de uma planta industrial, que também deixou dois feridos, segundo um porta-voz do exército ucraniano.
Também foram registrados ataques com "mísseis de cruzeiro" na região de Vinnitsa, centro-oeste do país, e a imprensa relatou explosões em Khmelnytskyi, quase 100 quilômetros ao oeste.
Também foram registrados ataques com "mísseis de cruzeiro" na região de Vinnitsa, no centro-oeste do país. Meios de comunicação indicaram que também houve bombardeios em Khmelnytsky, no oeste do país.
- Reunião da ONU e do G7 -
Essa nova onda de ataques ocorre um dia após Moscou e Kiev concordarem em prorrogar por dois meses o acordo para a exportação de grãos. A negociação contou com a mediação da Turquia e é fundamental para a segurança alimentar mundial.
Na península da Crimeia, anexada pela Rússia desde 2014, um trem que transportava cereais descarrilou nesta quinta-feira, sem provocar vítimas, disseram as autoridades instaladas por Moscou.
Esse incidente ocorre em um momento em que se multiplicam as sabotagens em territórios próximos à fronteira com a Ucrânia, que a Rússia atribui habitualmente à Kiev.
O serviço ferroviário local afirmou que o incidente foi provocado por "terceiros", em referência a um ato de sabotagem.
Várias fontes disseram que o descarrilamento foi provocado por uma explosão.
No campo diplomático, um emissário chinês, Li Hui, concluiu na quarta-feira uma visita de dois dias a Kiev, com o objetivo de buscar uma solução política para o conflito.
Pequim informou em um comunicado que seu enviado se reuniu com o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, sem dar mais detalhes. O governo ucraniano se recusou a confirmar se o encontro aconteceu.
Li Hui é o mais alto funcionário do governo chinês a visitar a Ucrânia desde o início da invasão russa. Na sexta-feira, ele viajará à Polônia e nos dias seguintes para Alemanha, França e Rússia.
A China, aliada de Moscou, não condenou publicamente a invasão russa e apresentou um plano de 12 pontos para acabar com a guerra, recebido com ceticismo pelas potências ocidentais, aliadas da Ucrânia.
O Conselho de Segurança da ONU se reunirá, nesta quinta-feira às 19h00 GMT (16h00, no horário de Brasília), para tratar da situação na Ucrânia, antes do início da cúpula dos mandatários do G7 - grupo das sete economias mais industrializadas do mundo - no Japão na sexta-feira, onde se debaterá um reforço das sanções contra a Rússia.
A Ucrânia celebra, nesta quinta-feira, o Dia da "Vishivanka", uma vestimenta tradicional que se converteu em um símbolo da unidade nacional desde o início da invasão russa.
Zelensky celebrou, em uma mensagem no Telegram, "a força" da cultura ucraniana frente a "regimes totalitários" e comemorou o 79° aniversário do início da deportação dos tártaros da Crimeia, uma minoria muçulmana que foi deslocada pelas autoridades soviéticas.
(P.Toussaint--LPdF)