Ucrânia reivindica avanços perto de Bakhmut; Rússia diz ter frustrado ofensiva
A Ucrânia disse nesta segunda-feira (5) que realizou "ações ofensivas" no "front" e que conseguiu avançar perto da devastada cidade de Bakhmut, no leste, embora tenha minimizado a magnitude desses ataques, os quais a Rússia afirma ter repelido.
O governo ucraniano prepara há meses uma grande contraofensiva para expulsar as tropas russas das áreas ocupadas após a invasão de fevereiro de 2020. As autoridades de Kiev ressaltaram que não divulgarão quaisquer informações sobre seus planos, ou cronograma.
"A operação defensiva [da Ucrânia] inclui ações contraofensivas. Portanto, em certos setores, estamos realizando ações ofensivas", disse a vice-ministra ucraniana da Defesa, Ganna Maliar, no Telegram.
Maliar também relatou, sem dar detalhes, "pequenos combates" no sul, onde as forças russas estão "na defensiva".
Suas declarações chegam depois que o Ministério da Defesa russo afirmou ter frustrado ataques em cinco setores do "front" na "direção sul da região de Donetsk" (leste).
Em nota, o ministério informou que as tropas ucranianas sofreram grandes perdas perto de Neskuchne, na região de Donetsk, e de Novodarovka, na fronteira desta região com Zaporizhzhia, mais ao sul.
Outras tentativas de "penetrar nas defesas russas" ocorreram na cidade de Novodonetske, perto de Vugledar, um ponto quente da linha de frente, no sul de Donetsk.
"O inimigo não atingiu seu objetivo", afirmou o ministério russo, mostrando imagens de veículos blindados ucranianos destruídos.
- Avanços perto de Bakhmut -
As forças ucranianas também estão na ofensiva mais ao norte, perto de Bakhmut, uma cidade que Moscou alegou ter tomado em maio, após meses de combates mortais.
De acordo com Kiev, a cidade continua sendo o "epicentro das hostilidades". A vice-ministra da Defesa da Ucrânia disse que suas tropas estavam "avançando em uma frente bastante ampla" perto da cidade.
"Estamos alcançando êxitos e ocupamos as alturas dominantes. O inimigo está na defensiva", disse Maliar.
O avanço ucraniano foi confirmado pelo chefe da organização paramilitar russa Wagner, Yevgeny Prigozhin.
"Uma parte da cidade de Berkhivka foi perdida", afirmou, chamando o revés de "uma vergonha".
As autoridades ucranianas estão em silêncio sobre os contornos da contraofensiva, mas especialistas militares russos acreditam que as tropas ucranianas multiplicam os ataques às linhas russas para descobrir suas falhas antes de lançá-la.
Foi o que aconteceu em setembro de 2022, quando o Exército de Kiev preparou secretamente um ataque, com o qual reconquistou quase toda a região de Kharkiv (nordeste).
O secretário americano da Defesa, Lloyd Austin, confirmou os combates perto de Bakhmut e na região sul de Donetsk, mas não comentou sobre sua importância estratégica.
"Acho que a melhor coisa é deixar os ucranianos se comunicarem sobre sua operação", disse Austin, em Nova Délhi.
- "O que vai acontecer?" -
Do outro lado da fronteira, a região russa de Belgorod é cenário, há duas semanas, de ataques, bombardeios e combates entre o Exército de Moscou e combatentes russos pró-Ucrânia.
Em uma operação no domingo (4), um grupo fez prisioneiros e informou que eles serão entregues a Kiev. Um vídeo divulgado pelos combatentes mostra uma dezena de detidos, incluindo dois feridos.
Esta é a primeira vez que cidadãos russos são capturados em território russo.
O governador de Belgorod, Viacheslav Gladkov, mencionou possíveis negociações, mas os combatentes pró-Ucrânia afirmaram no vídeo que as autoridades russas não compareceram a um encontro acordado.
Nos últimos dias, os combates se concentraram nas localidades de Novaya Tavolzhanka e Shebekino, perto da fronteira, o que provocou a fuga de milhares de civis para capital regional homônima Belgorod.
"Estamos em péssimas condições, mas suportamos, tentamos ser fortes, porque temos filhos (...) Mas o que vai acontecer depois? Não sabemos de nada", disse à AFP Irina Burlakova, uma deslocada que buscava ajuda humanitária em um abrigo.
Durante a noite, a região de Belgorod voltou a ser alvo de bombardeios e de um ataque com drones que deixaram um ferido e atingiram uma área de infraestrutura energética, segundo Gladkov.
A Ucrânia insiste em que não tem envolvimento com os ataques.
(L.Chastain--LPdF)