Nova trégua de 72 horas entra em vigor no Sudão após intensos combates
Uma nova trégua de 72 horas entrou em vigor neste domingo (18) entre os dois generais que disputam o poder no Sudão, anunciada pelos mediadores sauditas e americanos para tentar impedir uma intensificação dos combates em Cartum.
Após uma intensificação dos confrontos na capital, onde morreram 17 civis, incluindo cinco crianças, segundo testemunhas, os dois chefes militares aceitaram este novo cessar-fogo que entraria em vigor às 06h00 (01h00 no horário de Brasília).
Diversas tréguas anteriores foram violadas, mesmo depois que os Estados Unidos impuseram sanções a ambos os lados.
Os violentos confrontos também aceleraram o êxodo na região de Darfur (oeste), uma das áreas mais afetadas pelo conflito, onde médicos relataram que centenas de feridos se deslocam para o vizinho Chade para receber atendimento.
"O reino da Arábia Saudita e os Estados Unidos anunciam o acordo dos representantes das Forças Armadas sudanesas e das Forças de Apoio Rápido (FAR) para um cessar-fogo no Sudão por um período de 72 horas a partir de domingo", disse o ministério saudita das Relações Exteriores em comunicado.
Os combates, iniciados em abril, ocorrem entre o chefe do exército, general Fatah al-Burhan, e as paramilitares Forças de Apoio Rápido (FAR), comandadas pelo general Mohamed Hamdan Daglo.
- Distribuição de ajuda -
Ao anunciar a nova trégua, os mediadores disseram que "os dois lados concordaram que durante o período de cessar-fogo se absteriam de se mover e atacar, usando aviões de guerra ou drones (e) de reabastecer suas forças".
"Eles também concordaram em permitir a liberdade de movimento e entrega de ajuda humanitária em todo o Sudão", acrescentaram.
Cartum tem vivido um aumento nos bombardeios aéreos nos últimos dois dias com resultados mortais, disse o comitê de resistência local, uma célula militante que organiza ajuda à população da cidade.
As FAR, que acusam o exército de concentrar seus bombardeios em áreas residenciais, afirmaram que derrubaram um avião de combate do exército.
Vários bairros de Cartum estão privados de água potável e a rede elétrica funciona apenas algumas horas por semana.
A situação é igualmente preocupante em Darfur, "alvo da violência", alertou a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF).
Os relatos de ataques em massa contra civis se multiplicam nessa região, de onde cerca de 149 mil pessoas fugiram para o Chade desde o início dos combates em 15 de abril, segundo dados da ONU.
Darfur, já devastada pela guerra civil no início dos anos 2000, caminha para um novo "desastre humanitário", alertou na quinta-feira o secretário-geral adjunto da ONU para assuntos humanitários, Martin Griffiths.
Cerca de 2.000 pessoas morreram no Sudão como resultado do conflito, segundo a ONG Acled.
A ONU estima o número de deslocados em todo o país em 2,2 milhões.
Cerca de 25 milhões dos 45 milhões de habitantes do Sudão sobrevivem atualmente graças à assistência humanitária.
(L.Garnier--LPdF)