EUA, UE e União Africana aumentam a pressão sobre golpistas no Níger
Os Estados Unidos e a União Europeia (UE) manifestaram o seu apoio ao presidente deposto do Níger, Mohamed Bazoum, e aumentaram a pressão sobre os militares golpistas, a quem a União Africana (UA) exigiu neste sábado (29) que restabeleça a ordem constitucional em até 15 dias.
O general Abdourahamane Tiani, que comanda a Guarda Presidencial desde 2011, apareceu na televisão estatal na sexta-feira para se autodeclarar o novo líder do Níger.
Os seus homens mantêm Bazoum, eleito democraticamente, refém em sua residência oficial em Niamey, a capital, desde quarta-feira.
Tiani justificou o golpe afirmando que há uma "deterioração da situação de segurança" no país devido à violência de grupos jihadistas.
A União Africana e a União Europeia juntaram-se às condenações internacionais desta tomada de poder, a mais recente na região do Sahel. Mali e Burkina Faso também sofreram golpes militares nos últimos anos.
O Conselho de Paz e Segurança da UA "exige aos militares que retornem imediata e incondicionalmente aos seus quartéis e restabeleçam a autoridade constitucional, no prazo máximo de quinze (15) dias", disse em comunicado divulgado após uma reunião na sexta-feira.
O bloco também condenou "nos termos mais fortes possíveis" a derrubada do governo eleito e expressou profunda preocupação com o "ressurgimento alarmante" de golpes militares na África.
O chefe diplomático da UE, Josep Borrell, disse em comunicado que o bloco europeu "não reconhece e não reconhecerá as autoridades" por trás do golpe e pediu a libertação imediata de Bazoum, que "continua sendo o único presidente legítimo do Níger".
Borrell anunciou a suspensão "indefinidamente e com efeito imediato" de toda a cooperação de segurança com o Níger e o fim da ajuda orçamentária. Ele também indicou que a UE está pronta para apoiar futuras decisões tomadas pelo bloco regional da África Ocidental, "incluindo a adoção de sanções".
Na sexta-feira, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, garantiu por telefone a Bazoum, que apesar do isolamento tem conseguido receber telefonemas de diplomatas e de vários chefes de Estado, que ele conta com o “apoio inabalável” de Washington.
- Reunião de líderes regionais -
Os líderes da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) se reunirão no domingo em Abuja, na Nigéria, para avaliar a situação e as prováveis sanções.
O presidente francês, Emmanuel Macron, presidirá um Conselho de Segurança Nacional e Defesa sobre o Níger neste sábado, onde 1.500 soldados franceses e 1.000 americanos estão atualmente destacados.
O presidente do Quênia, William Ruto, disse que com este golpe, "a África sofre um sério revés em seu progresso democrático".
O Níger, sem saída para o mar, é uma das nações mais pobres do mundo e frequentemente ocupa o último lugar no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU, apesar de ser rico em urânio.
Sua história política tem sido turbulenta desde 1960, quando conquistou a independência da França. Ele sobreviveu a quatro golpes e inúmeras outras tentativas, incluindo duas anteriores contra Bazoum.
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(P.Toussaint--LPdF)