China exige retirada de navio filipino encalhado em atol em área em disputa
A China reiterou nesta terça-feira (8) a exigência para que o governo das Filipinas retire um navio antigo encalhado em um atol em disputa no Mar da China Meridional, que Manila utiliza para reivindicar sua soberania sobre as ilhas Spratly.
A disputa acontece depois que Manila acusou, no fim de semana, a Guarda Costeira chinesa de disparar canhões de água contra embarcações filipinas que reabasteciam este navio.
O navio 'Sierra Madre' foi encalhado deliberadamente no atol Second Thomas, nas ilhas Spratly, no fim dos anos 1990, em uma tentativa de conter o avanço chinês nas águas em disputa.
Os marinheiros filipinos na embarcação dependem de outros navios para receber suprimentos e sobreviver no 'Sierra Madre'.
Os militares e a Guarda Costeira filipina acusaram a China de violar as leis internacionais ao bloquear seus navios e disparar canhões de água durante a missão de reabastecimento no fim de semana.
A China insiste que seus militares atuaram de forma "profissional" e acusou as Filipinas de "entrega ilegal de materiais de construção" ao navio encalhado.
"O lado filipino repetidamente fez promessas claras de retirar o navio de guerra ilegalmente ancorado no recife", disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China nesta terça-feira.
"Passaram 24 anos, o lado filipino não apenas não retirou o navio, mas tentou repará-lo e reforçá-lo em grande escala para conseguir a ocupação permanente do recife Ren'ai", acrescentou, ao utilizar o nome chinês para o atol.
"O lado chinês exige novamente que o governo das Filipinas retire imediatamente o navio de guerra 'encalhado' no recife e restaure o status de que não deve haver ninguém e nenhuma instalação no recife", completou.
- "Atividades ilegais" -
O 'Sierra Madre' foi um navio de desembarque americano durante a Segunda Guerra Mundial que foi aposentado e depois cedido à Marinha filipina.
O navio está encalhado no atol Second Thomas, que fica a 200 km da ilha filipina de Palawan e a mais de 1.000 km da ilha de Hainan, a zona terrestre da China mais próxima.
Manila acusa os navios da Guarda Costeira chinesa de bloquear ou impedir a passagem dos navios filipinos que patrulham as águas disputadas e de impedir o reabastecimento das tropas estacionadas em navios como o 'Sierra Madre'.
O governo filipino emitiu mais de 400 notas de protestos diplomáticas desde 2020, nas quais acusa Pequim de "atividades ilegais" no Mar da China Meridional.
A China parece estar "tentando avaliar qual é o nosso compromisso para abastecer nossas tropas", disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional de Manila, Jonathan Malaya, na segunda-feira.
"Para ficar claro: nunca vamos abandonar o atol Ayungin", destacou Malaya, utilizando o termo filipino para o local.
A China reivindica a maior parte do Mar da China Meridional, uma importante rota comercial que também é reclamada por Brunei, Malásia, Filipinas, Taiwan e Vietnã.
(L.Garnier--LPdF)