Rússia afirma que impediu grande ataque de drones contra a Crimeia
O ministério da Defesa da Rússia anunciou nesta sexta-feira (25) que neutralizou 42 drones ucranianos perto da Crimeia, na maior tentativa recente de ataque aéreo contra a península, onde a Ucrânia reivindicou na véspera uma incursão terrestre de suas forças especiais.
O território, anexado por Moscou em 2014, é um alvo frequente das tropas ucranianas desde o início da ofensiva russa, mas nas últimas semanas Kiev intensificou os ataques.
"Nove drones foram destruídos depois que dispararam sobre o território da República da Crimeia. E 33 drones foram neutralizados por meios de guerra eletrônica e caíram sem atingir seu alvo", informou o ministério russo no Telegram.
O comunicado não cita possíveis danos ou vítimas após a tentativa de ataque, ou devido à queda dos drones abatidos.
O governador nomeado por Moscou para Sebastopol, Mikhail Razvozhayev, já havia anunciado que vários drones haviam sido destruídos "na área do cabo Quersoneso", a cerca de 10 km desta cidade que abriga a frota russa no Mar Negro.
Os serviços de emergência "não constataram danos nas infraestruturas civis", afirmou o governador. "Todas as forças e serviços estão preparados para o combate", acrescentou.
A Ucrânia não esconde a intenção de recuperar esta península no Mar Negro. Recentemente, o país aumentou a pressão na região, com ataques de drones navais e aéreos.
No final de julho, Moscou anunciou que derrubou 25 aparelhos na península. Algumas semanas antes, o balanço foi de 28 drones derrubados.
Além do ataque contra a Crimeia, a Defesa russa anunciou que interceptou um míssil ucraniano direcionado contra "alvos civis" na região de Kaluga, limítrofe com Moscou.
"Ninguém ficou ferido e não há danos nas infraestruturas", declarou o governador regional, Vladislav Shapsha.
- Operação na Crimeia -
Na quinta-feira, 24 de agosto e Dia da Independência, a Ucrânia anunciou uma operação especial na Crimeia, com forças especiais que hastearam a bandeira nacional no território.
A inteligência militar ucraniana não divulgou detalhes ad missão, mas destacou que as forças entraram pelo mar, cumpriram os objetivos estabelecidos e deixaram a região "sem baixas".
Na quarta-feira, o serviço de inteligência informou a destruição de um potente sistema russo de mísseis terra-ar, também na Crimeia.
As ações integram a contraofensiva de Kiev para tentar recuperar os territórios sob controle russo, mas que avança de maneira mais lenta que o esperado.
As autoridades ucranianas, em particular o presidente Volodimir Zelensky à frente, insistem que o país precisa de aviões de combate modernos para superar a atual situação.
Após vários apelos, a Ucrânia obteve a promessa da Dinamarca, Holanda e Noruega sobre o fornecimento de caças F-16 americanos. Os pilotos ucranianos, no entanto, precisam de treinamento para utilizar os aviões.
O Pentágono anunciou na quinta-feira que o treinamento começará em setembro nos Estados Unidos e que o processo vai demorar de cinco a oito meses, dependendo das habilidades dos militares ucranianos.
Zelensky conversou por telefone com o presidente americano Biden sobre o tema e para garantir que outros países aprovem rapidamente o envio de seus F-16 à Ucrânia assim que o treinamento for concluído, informou a Casa Branca.
- Putin fala sobre Prigozhin -
O conflito foi abalado nas últimas horas pelo acidente aéreo de quarta-feira nas proximidades de Moscou que supostamente matou o líder do grupo paramilitar Wagner, Yevgueni Prigozhin.
Na primeira reação do Kremlin ao acidente, o presidente Vladimir Putin elogiou na quinta-feira a "contribuição" de Prigozhin na Ucrânia e expressou "pêsames" aos parentes das vítimas da queda do avião.
O misterioso acidente que não deixou sobreviventes, apenas dois meses após a tentativa de motim do grupo Wagner contra o Estado-Maior russo, alimenta especulações de um eventual assassinato orquestrado.
Zelensky e Biden acusaram Putin.
"Eu não sei exatamente o que aconteceu, mas não estou surpreso", disse Biden na quarta-feira. "Não há muita coisa que aconteça na Rússia que Putin não esteja por trás", acrescentou.
(R.Dupont--LPdF)