Marrocos e Argélia se enfrentam na ONU sobre Saara Ocidental
Representantes do Marrocos e da Argélia se enfrentaram nesta terça-feira (26) na Assembleia Geral da ONU sobre a questão do Saara Ocidental, considerado pela organização um território não autônomo.
A disputa se arrasta há décadas entre o Marrocos, que controla cerca de 80% do território e propõe um plano de autonomia sob a sua soberania, e os separatistas saarauís do partido Frente Polisário, apoiados pela Argélia.
Em seu direito de réplica após o discurso de seu par marroquino, o embaixador da Argélia, Amar Bendjama, acusou o representante do Marrocos de distorcer as palavras do presidente argelino, Abdelmadjid Tebboune, que reafirmou na semana passada seu apoio à realização do referendo de autodeterminação previsto na assinatura, em 1991, de um cessar-fogo que nunca se concretizou.
"Cada um tem o seu lado. Nós, os argelinos, escolhemos o lado da justiça, da descolonização, da liberdade, da autodeterminação e dos direitos humanos. Este compromisso se aplica em favor da causa do povo saarauí, que espera há quase meio século que a ONU lhe faça justiça", declarou Bendjama, refutando as "acusações de terrorismo contra a Polisário".
O argelino queixou-se de que "todas as potências hegemônicas sempre tentaram demonizar os resistentes e os ativistas pela liberdade".
O embaixador do Marrocos, Omar Hilale, reiterou que "a iniciativa de autonomia no contexto da soberania nacional e da integridade territorial do Marrocos continua sendo a única forma de virar a página deste conflito regional fabricado. O Marrocos está em seu Saara e assim continuará sendo até o fim dos tempos."
Encorajado pelo reconhecimento de sua soberania sobre o território pelo governo do ex-presidente americano Donald Trump em troca de uma aproximação com Israel, o Marrocos faz uso de uma diplomacia cada vez mais ofensiva desde então, para atrair outros países como aliados.
(R.Lavigne--LPdF)