Biden alerta para risco do 'extremista' Trump para a democracia
O presidente americano, Joe Biden, fez um ataque direito ao "extremista" Donald Trump, nesta quinta-feira (28), instando os americanos a defenderem a democracia e acusando seu adversário de tentar subverter as instituições.
Em um discurso no estado do Arizona, Biden disse que Trump é movido por um sentimento de "vingança e revanchismo" e que, juntamente com seus aliados da extrema direita, ataca a imprensa livre e o Estado de direito.
Biden tem sido cauteloso ao comentar as múltiplas acusações penais contra Trump, inclusive sua participação em ações para tentar reverter sua derrota nas eleições de 2020.
Mas não se conteve ao mencionar o perigo que, segundo ele, o país correria com um segundo mandato de Trump.
"As democracias não morrem só à ponta de fuzil", disse. "Podem morrer quando as pessoas ficam em silêncio, quando não se levanta ou não se condena as ameaças à própria democracia".
"Algo perigoso está acontecendo nos Estados Unidos", acrescentou, afirmando que o Partido Republicano está sendo "impulsionado e intimidado" pelo setor mais alinhado a Trump.
"Não escondem seus ataques, os promovem abertamente. Atacam a imprensa livre como inimiga do povo, atacam o Estado de Direito e promovem a supressão de eleitores", apontou.
Biden criticou, ainda, os republicanos por não reagirem depois que Trump acusou o chefe do Estado-maior Conjunto de traição, e atacou os apoiadores do ex-presidente por buscarem a paralisação do governo federal esta semana.
- Ataque direto -
Biden reservou suas palavras mais duras para o próprio Trump.
"Trump diz que a Constituição lhe deu 'o direito de fazer o que quiser'", afirmou, referindo-se a declarações do bilionário republicano sobre suas atribuições no cargo.
"Nunca ouvi um presidente dizer isso nem de brincadeira", acrescentou.
O presidente tentou atrair para si a simpatia de outros republicanos, ao mencionar, em sua fala, o legado de seu adversário político, mas também amigo próximo John McCain, senador pelo Arizona, falecido em 2018.
Herói da guerra do Vietnã, McCain foi derrotado nas eleições presidenciais de 2008 pelo democrata Barack Obama, de quem Biden foi vice. Mas os dois deixaram de lado suas diferenças quando Trump chegou ao governo.
McCain odiava Trump, retirou-lhe seu apoio em 2016 e disse, antes de morrer de câncer no cérebro, que não queria que ele fosse ao seu funeral.
O sentimento era recíproco: Trump debochou de seu heroísmo de guerra em 2015. Biden, ao contrário, fez um discurso no funeral de McCain.
Embora ainda falte mais de um ano para as eleições presidenciais, Biden e Trump tiveram esta semana seu primeiro confronto direto após visitarem trabalhadores do setor automotivo em greve em Michigan, um estado que, assim como o Arizona, oscila entre democratas e republicanos.
O discurso de Biden também ocorre um dia depois de outros sete pré-candidatos republicanos à Casa Branca participarem de um debate de campanha na Califórnia. Trump, que tem vantagem folgada sobre seus adversários nas primárias do partido, não compareceu ao evento.
(N.Lambert--LPdF)