Bullrich conclui campanha na Argentina e promete acabar com 'corrupção kirchnerista'
A candidata conservadora Patricia Bullrich encerrou nesta quinta-feira (19) sua campanha para as eleições presidenciais argentinas de domingo, com ataques à "corrupção" do peronismo no poder e às propostas antissistema do libertário Javier Milei, favorito nas pesquisas.
"Chega de gestores da pobreza. Chega de piquetes. Chega de programas eternos. Os programas vão ter tempo, vão ser formados e vão funcionar", afirmou, em referência às ajudas sociais do Estado.
A candidata denunciou a "pornografia brutal" e a "corrupção kirchnerista" em Lomas de Zamora, um bastião do peronismo a 30 Km de Buenos Aires, marcado pelo escândalo envolvendo um importante funcionário provincial, que foi flagrado em um iate de luxo em Marbella, na Espanha, com uma famosa modelo, quando deveria estar trabalhando.
O comício pôs ponto final em uma campanha eleitoral marcada pela ascensão espetacular de Milei, que dominou a agenda midiática e foi o foco de grande parte dos discursos de seus adversários.
O ministro da Economia e candidato da situação Sergio Massa encerrou sua campanha na terça-feira, e Milei ontem. A partir desta sexta, a Argentina entra em silêncio pré-eleitoral, sem possibilidade de propaganda e atos proselitistas.
Bullrich, ex-ministra da Segurança do ex-presidente de direita Mauricio Macri (2015-19), atacou Milei, a quem acusou de promover a venda livre de armas, como "nos Estados Unidos, que depois vão para a escola e matam as crianças".
"Queremos isso para a Argentina? Não. Queremos uma sociedade civilizada, não a lei da selva", disse a candidata da coalizão opositora Juntos pela Mudança (centro-direita) às cerca de 3.000 pessoas que compareceram com bandeiras argentinas e aplaudiram sua candidata.
No chão de paralelepípedos, uma pessoa vestida de pato passeava pela praça, ícone da campanha Bullrich em referência ao seu apelido (Pato, de Patrícia).
Apesar do clima festivo, seus apoiadores expressaram preocupação.
"Nos últimos meses, as eleições me deixaram com um pouco de medo por Milei. Temos que ver se ela ganha, mas todo o mundo ama Milei e isso me assusta", disse à AFP Santiago Costilla, um aprendiz de carpintaria de 21 anos.
- Austeridade e segurança -
Bullrich, de 67 anos, prometeu ser "o governo mais austero da história argentina" e devolver segurança ao país. "Vamos tirar todos os traficantes de drogas de seus covis", garantiu, flanqueada pelo ex-presidente Macri.
"De um lado, temos Patricia com sua coragem, força e determinação", disse Macri. "Do outro, um ministro e candidato que concorre para ser o pior ministro da história", continuou, ao se referir a Sergio Massa.
"É o pior ministro da Economia que já tivemos", criticou mais tarde Bullrich, em alusão à severa crise econômica que o país vivencia, com quase 140% de inflação e 40% de pobreza.
Depois, falando também da vice-presidente Cristina Kirchner, acrescentou: "A única coisa que importa para Massa e Cristina é o poder."
Em sua mocidade, Bullrich pertenceu à Juventude Peronista nos conturbados anos 1970. Ao longo de sua carreira política, cultivou a imagem de uma mulher decidida e intransigente.
"Acho que, se Patrícia vencer, a primeira coisa que ela terá que abordar é a questão da insegurança. É algo que todos os argentinos acompanham há anos. É um problema nacional. E depois coloque ordem em nosso país", disse Claudia Castillo, de 43 anos.
(H.Leroy--LPdF)