Mais de 2,4 milhões de eleitores participaram nas primárias da oposição venezuelana
A participação nas primárias da oposição da Venezuela superou 2,4 milhões de eleitores, anunciou a comissão que organizou o processo, vencido por ampla maioria pela liberal María Corina Machado.
O chavismo que governa o país denunciou fraudes no processo e afirmou que os números foram inflados.
A Comissão Nacional das Primárias (CNP) divulgou o terceiro e último boletim com 4.688 atas, o que equivale a 2,3 milhões de votos apurados dentro do país e 132.780 no exterior.
Machado, inabilitada para exercer cargos públicos, recebeu 92,35% dos votos, o equivalente a 2,25 milhões. O segundo mais votado, Carlos Prosperi, que denunciou irregularidades no processo, recebeu 112.523, segundo o boletim.
Os demais candidatos receberam entre 1.300 e 15.000 votos.
"Os venezuelanos demonstraram um profundo amor pela democracia e um enorme compromisso com o futuro do nosso país", declarou Machado em uma entrevista coletiva na terça-feira. "Os números projetados hoje, tenho que confessar, superam amplamente as nossas melhores estimativas, duplicam as nossas melhores estimativas".
O presidente Nicolás Maduro e sua vice-presidente, Delcy Rodríguez, assim como o presidente do Parlamento, Jorge Rodríguez, e o líder chavista Diosdado Cabello, rebateram o anúncio.
"É impossível esta barbárie que (o presidente do CNP Jesús María) Casal está dizendo de 2,5 milhões. De onde tirou isso? Bárbaro, ladrão, farsante", afirmou Rodríguez, que apresentou uma estimativa de participação de menos de 600.000 pessoas.
"E aqui aparece um verdadeiro crime, porque eles estão inflando o número de pessoas, ou seja, estão usurpando a identidade de 2,5 milhões de venezuelanos”, acrescentou.
As internas foram organizadas pela própria oposição, sem a gestão do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) que, após meses de evasivas, finalmente propôs no último minuto o adiamento do processo por um mês para que conseguisse administrar o pleito. A votação e a apuração foram manuais.
Rodríguez também denunciou uma violação do acordo político assinado em Barbados com a oposição, que definiu as eleições presidenciais para o segundo semestre do próximo ano com a presença de observadores da União Europeia e de outros representantes internacionais.
(A.Monet--LPdF)