Ex-vice dos EUA Mike Pence desiste de corrida presidencial republicana
O ex-vice-presidente Mike Pence anunciou, neste sábado (28), a desistência de sua pré-candidatura à Presidência dos Estados Unidos em 2004, durante sua participação em uma reunião anual da Coalizão Judaica Republicana, celebrada em Las Vegas.
"Venho dizer-lhes que ficou claro que não é a minha hora", disse Pence em uma reviravolta surpreendente, durante seu discurso no encontro anual da Coalizão Judaica Republicana (RJC, na sigla em inglês), que reúne influentes doadores do partido.
"Decidi suspender minha campanha para presidente", acrescentou.
"Digo ao povo americano que não é a minha hora, mas continua sendo o momento de vocês", prosseguiu Pence, aplaudido de pé pelos presentes.
"Estou deixando esta campanha, mas prometo-lhes que nunca vou deixar de lutar pelos valores conservadores", destacou. "Sempre soubemos que seria uma batalha difícil, mas não me arrependo".
A pré-candidata republicana Nikki Haley, que se dirigiu à plateia pouco depois, abriu seu discurso com palavras elogiosas a Pence.
"É um homem de bem, que lutou pelos Estados Unidos e por Israel, e temos uma dívida com ele", disse Haley, ex-embaixadora de Washington nas Nações Unidas.
Pence não anunciou apoio a nenhum dos pré-candidatos à indicação republicana na disputa pela Casa Branca.
O ex-vice-presidente de Donald Trump tem apenas 3,8% das intenções de voto em seu partido, segundo o portal fivethirtyeight.com.
O ex-presidente Trump, líder das pesquisas, com 56,9% do apoio dos republicanos, mas também pressionado por problemas judiciais, é aguardado neste sábado na reunião da Coalizão Judaica Republicana.
O evento anual, que tradicionalmente funciona como um cenário de campanha eleitoral, adquiriu, neste fim de semana, tom de urgência com a escalada do conflito no Oriente Médio, com os presentes esperando posições firmes de apoio irrestrito a Israel em sua guerra contra o Hamas.
"Devemos estar firmes com Israel", disse Pence anteriormente.
"Todos os que estamos com Israel sabemos que Israel não tem outra opção que esmagar o Hamas", acrescentou. "Sendo assim, os Estados Unidos têm que estar com Israel hoje e amanhã, e em cada dia de luta até que o Hamas seja destruído de uma vez por todas".
- "O bem contra o mal" -
Os oito pré-candidatos republicanos chegaram a Las Vegas para discursar para potenciais doadores, que esperavam ouvir como a retórica de apoio a Israel se traduziria na prática em um eventual novo governo republicano em 2024.
"Isto é sobre o bem contra o mal. Vocês, ou estão com Israel ou estão com as pessoas que massacram mulheres, crianças e idosos, e os sequestram", disse a presidente do Comitê Nacional Republicano, Ronna McDaniel, marcando o tom do evento na manhã deste sábado.
Os candidatos evocaram temores de uma escalada antissemita nas universidade americanas e defenderam uma ofensiva legislativa, além de um cerco econômico aos centros de estudo, bem como medidas migratórias contra estudantes estrangeiros.
"Precisamos de uma quimioterapia cultural para lutar contra este câncer", disse o senador Tim Scott, da Carolina do Sul.
"Um subsídio federal para a educação não é um direito, é um privilégio. Estudantes estrangeiros poderem estudar aqui não é um direito, é um privilégio", reforçou.
Este ano, com a escalada da violência no Oriente Médio após o ataque sem precedentes do grupo islamista Hamas a Israel em 7 de outubro, a segurança do evento foi reforçada com medidas extraordinárias e uma ampla mobilização de forças de ordem.
Os oito pré-candidatos do Partido Republicano confirmaram presença antecipadamente, enquanto o fórum contou com participantes de última hora, como o recém-nomeado presidente da Câmara de Representantes, Mike Johnson.
O evento também serviu para homenagear as vítimas israelenses do conflito.
O ataque do Hamas deixou mais de 1.400 mortos em Israel, segundo autoridades israelenses, que afirmam que o grupo islamista mantém 230 reféns sequestrados na Faixa de Gaza.
Enquanto isso, o ministério da Saúde do Hamas informou, em seu último balanço, divulgado neste sábado, que 7.703 pessoas, sobretudo civis, morreram nos bombardeios israelenses contra Gaza.
(C.Fontaine--LPdF)