Presidente do Panamá propõe consulta popular sobre mina mas não reduz protestos
O presidente do Panamá, Laurentino Cortizo, propôs no domingo (29) a convocação de uma consulta popular para decidir se o país revoga o contrato de mineração que provocou grandes manifestações nos últimos dias, mas os líderes opositores já anunciaram que prosseguirão com os protestos.
Em uma mensagem de apenas dois minutos, Cortizo afirmou que solicitará ao Tribunal Eleitoral a convocação da consulta para 17 de dezembro e ao Congresso uma lei que proíba "a mineração metálica a nível nacional".
"Através da participação cidadã, por meio do voto, poderemos legitimar a vontade do povo, cujo resultado será de cumprimento obrigatório. O povo é o soberano", afirmou.
Poucos minutos depois, no entanto, os líderes dos protestos afirmaram que o presidente tenta dividir e confundir o movimento.
"Basta de brincadeiras. As ações prosseguem nas ruas. A lei deve ser revogada. Este é o mandato do povo. Não há nenhuma manobra que engane o povo nesta luta", afirmou o líder do poderoso sindicato dos trabalhadores do setor da construção civil, Saul Méndez.
O movimento jovem Sal das Redes convocou uma manifestação para segunda-feira diante do Congresso. "A consulta está nas ruas. O povo já falou", publicou o grupo no Instagram.
Cortizo divulgou a mensagem após uma grande manifestação na capital do país, onde dezenas de milhares de pessoas exigiram a revogação do contrato que permite à empresa canadense First Quantum Minerals (FQM) operar r a maior mina de cobre a céu aberto da América Central, no Caribe panamenho.
A multidão protestou por várias horas na Avenida Balboa, com bandeiras e frases contra o governo e a empresa canadense.
A irritação da população começou em 20 de outubro, quando o Congresso aprovou uma lei que permite à empresa FQM administrar por 40 anos a mina a céu aberto. Cortizo promulgou texto no mesmo dia.
Milhares de panamenhos aderiram aos protestos, com bloqueio de estradas na capital e em diversas províncias do país, além de greves de professores, médicos, operários, motoristas e outras categorias profissionais. As aulas foram suspensas durante toda a semana.
Para tentar reduzir as manifestações, Cortizo proibiu novas concessões no setor de mineração de metais com um decreto executivo na sexta-feira, mas decidiu manter o contrato com a empresa canadense, o que irritou ainda mais a população.
Os manifestantes exigem uma moratória sobre a mineração por lei, não por decreto do governo. Os bloqueios das estradas provocaram escassez de vários produtos.
(P.Toussaint--LPdF)